Tubarão 2 (1978)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005

Nota 1

Após o estrondoso sucesso de "Tubarão" ("Jaws", 1975), de Spielberg, nada mais natural do que a Universal imediatamente planejar uma continuação. O que ninguém poderia esperar é que o estúdio fosse tão pouco ousado.

É praticamente uma refilmagem do original, com estrutura idêntica, clímaxes parecidos, as mesmas tomadas com a visão subjetiva do tubarão e a trilha musical de John Williams reciclada. Só que tudo é um pouco mais explícito e violento, exagerado até (o tubarão chega a atacar um helicóptero).

Spielberg não se interessou pelo projeto, imerso na preparação de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", e o filme foi iniciado por um diretor quase desconhecido, John D. Hancock, que não se revelou capaz de tocar o projeto e foi substituído pelo francês Szwarc, vindo da tevê e que depois faria relativo sucesso com "Em Algum Lugar do Passado" ("Somewhere in Time", 1980).

Ele fez um bom trabalho na ingrata tarefa de ser criativo na continuação de um filme que já tinha nascido clássico (e na época ainda não era tão comum fazer continuações como é hoje, em especial acrescentando apenas um 2 ao título original, como virou regra depois).

Roy Scheider repete o papel do chefe de polícia, desta vez com conflitos com o filho adolescente (que não saem do nível do clichê). Faz falta o relacionamento entre ele, Robert Shaw e Richard Dreyfuss (a ausência do cientista feito por Dreyfuss é justificada por um diálogo).

Para preencher o espaço, há uma pequena galeria de personagens adolescentes pouco desenvolvidos, todos ineptos e completamente incapazes de lidar minimamente com os ataques do tubarão. Não é um filme ruim, só redundante e desnecessário.

Scheider repete o bom trabalho do filme anterior, as cenas de ação ainda são impressionantes. Houve mais duas seqüências, ambas sem Spielberg nem Scheider, bem inferiores ("Tubarão 3" era inclusive em Terceira Dimensão). Mas esta mantém a dignidade. Edição muito boa.