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Ficha completa do filme

Drama

Tess (1979)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 4

Polanski comprovou em definitivo seu talento e versatilidade com esse notável drama histórico, baseado em romance "Tess of the D´Ubervilles", de Thomas Hardy (autor de "Judas, o Obscuro" e "Longe Deste Insensato Mundo").

O projeto lhe foi sugerido por sua esposa Sharon Tate, que faria o papel-título. Foi o livro que ela lhe deu de presente na última vez em que ambos se viram (antes de ser brutalmente assassinada pelos fanáticos seguidores de Charles Manson. O filme é dedicado a ela). Já rodado duas vezes antes, mas ainda no cinema mudo.

Quando Polanski finalmente rodou o filme, dez anos depois e imediatamente após o fracasso de "O Inquilino" ("Le Locataire", 1976), o papel foi para a muito jovem, bonita e dedicada Nastassja Kinki, filha do ator Klaus Kinski, no que seria um dos pontos altos de sua irregular carreira (o casal teria tido um comentado romance, dado a diferença de idade).

É uma versão bastante fiel do livro inglês clássico, muito romanesco. Polanski (que foi co-roteirista) apenas reduziu o pessimismo original de Hardy e colocou em segundo plano a crítica ao esnobismo inglês, sua sede por títulos, posição e tradição, realçando o romantismo e o estudo psicológico da personagem.

Tess é uma moça simples, que quer uma vida normal, marido, família, mas despreparada para lidar com as pressões sociais, a hipocrisia, os valores dúbios que a cercam. Seu retrato por Polanski resultou em um filme suavemente trágico, melancólico. E com meticulosa produção e recriação de época (que levariam os Oscars de Fotografia, Direção de Arte e Figurinos).

O fotógrafo Geoffrey Unsworth morreu de enfarto na terceira semana de filmagem. Dá para notar a diferença de luz na segunda parte (interiores) e em geral exteriores, realizados pelo substituto Ghislain Cloquet.

Também o elenco de apoio é muito bom, assim como a trilha musical de Philipe Sarde, indicada ao Oscar e cuja delicadeza e autenticidade (com uso de temas folclóricos) acrescenta muito ao clima do filme (passado na Inglaterra, mas rodado na França, já que Polanski não podia ir aquele país com medo de ser extraditado para os EUA).

Foi indicado ainda ao Oscar de Melhor Filme e Diretor do ano. Ganhou o BAFTA de Melhor Fotografia, os Césars de Filme, Diretor e Foto, Globo de Ouro de Filme Estrangeiro e Atriz Revelação. Um dos melhores do diretor (para quem gostar do gênero e do ritmo lento). Teve indicações ainda aos Oscars de Filme e Direção.

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