Novamente são os extras e a cópia lindamente restaurada os pontos altos deste filme de Fassbinder ( 1945-82). Quem fez a restauração foi a Fundação Fassbinder dirigida por sua montadora e ex-mulher Juliane Lorenz.
O modelo do filme foi "Crepúsculo dos Deuses" de Billy Wilder mas a semelhança maior é o tema, no caso uma antiga estrela que tenta voltar ao sucesso (ela aceita um pequeno papel de mãe). Foi inspirado numa atriz real alemã Sybille Schmitz (1909-55) que se suicidou em circunstancias misteriosas. Mas o filme é antes de tudo um exercício visual, experimentando com o branco e preto, então já fora de moda (a fotografia é espetacular, abusando dos efeitos em luz branca e fugindo do banal cinza).
Com uma bela trilha musical e atores exemplares, o filme resiste muito bem a uma revisão. Especialmente notável é a seqüência já quase ao final quando ela canta "Memories are Made of This", no estilo de Marlene Dietrich. Foi a única vez em que Fassbinder ganhou o Leão de Ouro no Festival de Berlim (em parte como desculpa por não terem dado o premio por "Maria Braun", que tinha sido sucesso internacional). Ganhou também premio de crítica em Toronto. É o terceiro da trilogia sobre a Alemanha do pós-guerra, após Lola e Maria.