O último grande filme de Fellini (ele morreria em 1993, mas seus três trabalhos posteriores seriam inferiores). É um notável trabalho estilizado, todo feito em estúdio, com excepcional direção de arte de Dante Ferretti (o mesmo de "Cold Mountain" e "Gangues de Nova York") e fotografia de Giuseppe Rotuno.
Toda a história é contada como se fosse captada pelo cinema mudo, primeiro sem som, depois aos poucos com ruído, música e finalmente cores. E ao final, Fellini faz questão de desmistificar tudo, revelando que é uma filmagem. Mas, basicamente, é ao mesmo tempo uma homenagem e uma sátira à mania italiana de adorar Ópera.
Então, tudo é cantado (grandes áreas numa trilha musical erudita e impecável). Há algumas cenas marcantes (os passageiros cantando na casa das caldeiras), figuras estranhas (a presença do rinoceronte como símbolo do passado). Além disso, o filme é narrado por Orlando (Freddie), que fala diretamente para a câmera, conversando com o espectador. Deliciosamente artificial, o filme tem, porém, um ritmo lento. Cópia de boa qualidade.