Retratos de Mulher (1996)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006

Nota 3

Título nacional errado: naturalmente era no singular, Retrato de uma Mulher. Lançado erradamente apenas em supermercados, este filme de arte foi uma decepção, porque veio logo depois da consagração de Jane Campion com "O Piano" no ano anterior. Marcava também a reunião dela com a amiga australiana então em ascensão, Nicole Kidman.

Mas adaptando um livro do respeitado Henry James ("Tarde Demais"), especialista em descrever americanos no exílio no fim do século 19, o filme ficou muito bem produzido, chique (locações na Itália, música de Schubert, excelente elenco). Mas distante e inconvincente.

Fica difícil aceitar Nicole num personagem como esse, subserviente ao marido e senhor (ainda mais porque Malkovich é tão sinistro). Muita coisa foi deixada de fora na adaptação (muitos detalhes e aprofundamentos, só lendo o livro) e de forma discutível.

Assim, no livro ela se casa porque é uma idealista e acha ele um artista. Aqui é puro masoquismo. Houve toques feministas que também não ajudam. Ou seja, é um filme que desagrada. Concorrente em Veneza, foi indicado aos Oscars de Coadjuvante (Barbara Hershey) e Figurinos. Ganhou Críticos de Los Angeles de Direção de Arte e Coadjuvante (Hershey). Nicole está morena e menos eficiente do que costume.