Coração Iluminado (1998)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005

Nota 3

Apesar de ser o filme mais pessoal de Hector Babenco, realizado num momento dramático de sua vida (ele se recuperava de um câncer grave, teve que fazer bem-sucedido transplante de medula e por isso fez uma fita confessional), foi um fracasso até mesmo em Cannes e até agora estava inédito em DVD. Nem sequer teve distribuição internacional importante.

Hector Babenco (assim como o protagonista, ele é argentino de nascimento, e também sofreu com o preconceito contra judeus) depois se recuperou com o sucesso de "Carandiru". Mas é pena que tenha escorregado neste que foi o primeiro filme do diretor em seu país de origem.

Ele se recuperava dos graves problemas de saúde que quase o mataram e não é difícil encontrar ecos desse episódio nesta história melancólica sobre escolhas, arrependimentos e a impossibilidade de passar a limpo o passado. O filme funciona melhor na primeira parte, em especial graças à garra do jovem casal central (Walter Quiroz e Maria Luisa Mendonça, neste caso tem que se perdoar o fato dela falar espanhol com sotaque brasileiro).

Na segunda fica hermético, confuso e enlouquecido. Foi um erro Babenco colocar sua então esposa Xuxa Lopes no papel da mulher misteriosa, confundindo o filme e o concluindo de forma infeliz (também o espanhol de Xuxa é ruim e ele tenta explicar isso, mostrando-a falando sozinha em português e cantando e xingando em inglês).

O papel da mãe é feito pela estrela do cinema argentino e grande atriz Norma Aleandro ("História Oficial"). Faz parte da "Coleção Isto É Festival do Cinema Brasileiro".