Além de ator, Tim Robbins é também um diretor engajado e sério, que sempre procura projetos políticos e polêmicos, como "Os Últimos Passos de um Homem", o filme que deu o Oscar de melhor ator para sua companheira de longa data, Susan Sarandon.
Depois dele, Robbins fez esta outra fita interessante, estreada no Festival de Cannes. Baseado em fatos reais, e roteirizado pelo próprio Robbins, trata de uma lendária montagem teatral nos anos 30. Numa época difícil, com inúmeras pressões sociais, a peça é proibida. Mesmo assim, os atores insistem em apresentá-la desafiando a censura.
Welles é interpretado pelo ator irlandês Angus Mac Faydden e é apenas uma das muitas figuras de um grande painel. Aparecem Emily Watson como uma jovem aspirante a atriz, Ruben Blades como o pintor mexicano Diego Rivera - que está brigando com o milionário Nelson Rockfeller por causa de um painel no Rockfeller Center - e Susan Sarandon como um italiana que compra pinturas para Mussollini.
É uma história muito complexa que inclui a milionária que apóia os intelectuais (Vanessa Redgrave), o ator que vira delator (Bill Murray), o outro ator que tem mesmo de ser perseguido (John Turturro), a jovem Gretchen Moll fazendo Marion Davies e John Cusack como Rockfeller.
Por momentos o filme parece reviver aqueles tempos da esquerda festiva. Mas dá uma visão rara e impressionante do delicado equilíbrio entre arte, cultura, política e show business.