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Ficha completa do filme

Romance

Amor à Flor da Pele (2000)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 18/01/2005
Nota 5

"Amor à Flor da Pele" ganhou em Cannes o Grande Prêmio da Comissão Técnica e o prêmio de melhor ator, para Toni Leung, conhecido pelo sobrenome Chiu Wai para não confundir com o homônimo. Em Cannes o filme foi exibido cópia não definitiva e foi um grande sucesso no circuito de arte na França.

Certamente não é uma fita para o grande público, até porque é lenta, exige uma certa vivência e abertura para se envolver com as histórias de amor não convencionais. Mas é a obra-prima de Wong Kar-wai, diretor chinês que sempre fez filmes interessantes e inovadores, como "Felizes Juntos" e "Amores Expressos".

Em "Amor à Flor da Pele", ele continua procurando efeitos narrativos fora do comum, só que a serviço de uma história muito simples e tocante. A ação se passa em 1962, em Hong Kong, na época ainda sob domínio inglês, repleta de refugiados, ainda não a metrópole atual. As pessoas viviam sem luxo, muitas vezes em quartos alugados em pensões improvisadas.

A personagem principal é feita pela excelente Maggie Cheung, que deveria ter ganho o prêmio de melhor atriz em Cannes. Esse é um filme reprimido, sobre um amor que não deu certo, pelas convenções da sociedade da época, pela covardia, pelo medo. O importante é que essa história muito simples e até fora de moda, porque é muito casta, é toda narrada como se estivéssemos observando os personagens às escondidas, através de frestas, nos becos, na chuva.

Como diz o título original é um filme de "clima", de "mood", e não de ação e reação como os ocidentais estão acostumados. Mas quem não teve na vida um desejo amoroso não realizado, reprimido? Por isso é impossível não se tocar com esse filme muito simples e muito complexo ao mesmo tempo, propositalmente frio e distanciado, magistralmente narrado (a forma é muito moderna, mas não de forma agressiva) e principalmente com uma trilha musical brilhante _o primeiro disco fez tanto sucesso na Europa que foi lançado um segundo com o resto da trilha_, com canções chinesas antigas junt, outras da época e duas latinas cantadas por Nat King Cole. Uma pequena jóia do cinema moderno.

Já houve uma edição anterior, lançada pela Imagem, com formato standard, making of e entrevistas. Essa nova edição lançada pela Versátil traz galeria de fotos e pôsteres, making of, cenas inéditas, biografia ilustrada do diretor e biografias dos atores. Mas não se compara com a melhor edição que é a francesa, Região 2, onde o filme foi um grande sucesso. Lá há, além desses extras nacionais, cenas excluídas com final alternativo e comentários em áudio auxiliar do diretor, a trilha musical do filme (apresentada num ensaio interativo), um curta realizado pelo mesmo diretor, "Hua Yang De Nian Hua", perguntas e respostas com o diretor no Festival de Cannes 2001, entrevista coletiva com os atores Chiu Wai e Maggie Cheung, EPK, o ator Tony Leung no Festival de Toronto 2000, material promocional, declarações do diretor, um ensaio feito pelo crítico de cinema Li Cheuk-to, outro feito pela historiadora de cinema Gina Marchetti e um folheto de 48 páginas com o conto "Intersection", que influenciou o filme.

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