Netto Perde sua Alma (2001)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003

Nota 1

Um filme que ganhou nova vida depois do sucesso da minissérie da Globo, "A Casa das Sete Mulheres", que aborda alguns dos mesmos personagens e transformou em astro, Schünemann (até então conhecido apenas regionalmente).

Saudado como o melhor filme gaúcho de todos os tempos e vencedor de inúmeros prêmios em Festivais nacionais (até Fotografia em Huelva, Espanha), não é tão fantástico assim como dizem os ufanistas, nem tão ruim quando afirmam seus detratores (em geral no Rio). É uma fita bastante digna, um pouco confusa, com elenco irregular e um resultado bastante satisfatório. Uma pena que isso não tivesse sido suficiente para atrair um público maior.

O fato é que para a maior parte dos espectadores, nada familiarizados com os detalhes da Guerra do Paraguai e da Revolução Farroupilha, será difícil seguir e até mesmo entender a trajetória do personagem protagonista. Vamos aos pontos positivos: bonita fotografia, boa interpretação de Werner Schünemann no papel título (ele também é diretor e figura marcante no Cinema gaúcho), direção de arte adequada, uma direção bastante competente (feita a quatro mãos por Beto Souza, que ficou com aparte técnica e Tabajara Ruas, que havia escrito o romance original que deu origem ao filme).

O filme começa um pouco lento demais (mas em compensação tem belos momentos na bela paisagem dos Pampas e um final poético também bonito). Tem problemas com certas figuras do elenco (principalmente o diretor do hospital, um papel chave que é feito de forma desastrosa) enquanto acerta em vários outros (em particular em Anderson Simões que faz Milonga).

Ou seja, os escorregões são menores e não chegam a comprometer o resultado. É uma fita para ser vista e recomendada.