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Ficha completa do filme

Comédia

Vida Bandida (2001)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2002
Nota 1

O roteiro é ótimo, o elenco também, mas alguma coisa deu errada com este "Vida Bandida". Nem falo da má vontade que tenho contra filmes que ensinam novas técnicas à assaltantes e ladrões de banco, nesse ponto o filme é bastante didático, mas também é comédia, em tom leve e romântico, não violento. Não incomoda.

O que poderia ser um grande policial, um thriller com surpresas, reviravoltas e revelações, se tornou uma fita banal, razoável mas apenas isso. O fato de não ter sido sucesso nos EUA é mais que justificável e compreensível. Não é boa mesmo, fica muito aquém das possibilidades.

Deixo reclamar logo de cara da peruca do Bruce Willis e de menor escala do Thorton. A grande piada da fita é que os assaltantes de banco, os dois e mais a mulher Cate Blanchett, usam variadas perucas para se disfarçarem. Só que quando ficam ao natural, de verdade, eles continuam com uma peruca e no caso em especial do Willis , particularmente inconvincente. Das piores de sua carreira (aliás não teria o menor problem ad e parecer ao natural, ninguém mais liga). Outra coisa: raramente se viu Willis tão apático, tão ausente.

A fita, que deveria ser um triângulo amoroso, perde um dos vértices porque ele ou nada é a mesma coisa (nem ruim desta vez chega a estar). Mas a história é interessante: são dois ladrões de banco que fogem da prisão (meio absurdo mas enfim é comédia) e se envolvem em várias confusões e retomam os assaltos (sempre com humor) até depois de meia hora, esbarrarem numa esposa infeliz e desprezada pelo marido (a australiana Cate desta vez ruiva e com sotaque americano), que acaba se juntando a eles, não como refém a la Patricia Hearst mas como parceira, depois como amante de Willis e depois de Thorton, formando um triângulo à moda de Jules e Jim (ou seja, ela quer ficar com os dois ao mesmo tempo, aliás com um raciocínio preciso, dizendo que já que são forasda lei mesmo porque não aproveitar!).

Cate está bonita, carismática, aproveita o máximo as cenas que lhe dão enquanto Billy Bob compõe um personagem com cuidado (não gosto dele mas como ator ele é competente e respeitável, compõe o personagem do hipocondríaco inteligente e inseguro com perfeição). E os diálogos são inteligentes e divertidos. O que saiu então errado e fez com que o filme tivesse impacto relativo? Tudo indica que a culpa é do diretor Barry Levinson ("Rain Man"), que dá a impressão deter experimentado com lentes novas, deixando tudo na mão do fotógrafo ou assistente. Filma as cenas ou distantes (grande angulares erradas), ou através de algum obstáculo (janela, teleobjetivas). Tenta soltar a câmera como se fosse seriado policial de televisão (ele mesmo faz um famoso, "Homicide") mas também não assume isso, fica num meio termo Ou seja, não conseguimos ver direito os atores, seguir os personagens, parece que ele fez tudo para sabotar o projeto que era promissor.

Claro que há defeitos deconstrução de roteiro. Depois de construir todo um clima mostrando os heróis encurralados num banco, tendo duplos flashbacks (a do jornalista que relembra os fatos e o da própria história), joga a resolução revelando os fatos sem fazer surpresa ou suspense. Também é mal construído o personagemdo primo que deseja ser dublê (que existe só para ser utilizado ao final). Em compensação há muitas boas idéias (até citação de "Aconteceu Naquela Noite" de Capra na cena do motel), momentos engraçados, frases inteligentese dois atores brilhantes. Não é mal, mas resulta numa oportunidade perdida de terem feito um filme memorável. Curioso: Troy Garity que faz o primo é o filho de Jane Fonda e não parece ter herdado o talento dos Fonda.

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