40 Dias, 40 Noites (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003

Nota 1

Não sei se é um grande elogio mas esta é a melhor pornochanchada dos últimos tempos. Num gênero que prima pela grossura, ele adota um ponto de vista mais adulto, sem dúvida masculino, mas já é indicado para maiores de vinte e cinco anos (o que pode explicar seu relativo fracasso nos Estados Unidos, onde rendeu 38 milhões para um orçamento de 17). Não é exatamente para adolescentes (que consomem mais este tipo de fita) e mais jovens adultos - que em geral vão ao cinema com namoradas, que não costumam curtir o tipo de humor.

Francamente eu achei o filme (ainda que absurdo) bastante divertido, com algumas boas piadas e achados, além do galã Josh Hartnett (de "Pearl Harbor" e "Falcão Negro em Perigo") demonstrando uma simpatia e talento para comédia totalmente inesperados. Dá até para entender porque ele ficou famoso e virou ídolo.

Dirigido pelo irregular Michael Lehman ("Como Cães e Gatos", mas também "Hudson Hawk"). Como é comédia, tudo é levado como farsa, ou seja chanchada, principalmente quando o herói conhece uma outra garota, por quem fica atraído (a exótica e charmosa Shannyn Sossamon, de "Coração de Valente") e com quem não pode consumar o romance. É preciso aceitar a premissa de que um homem pode enlouquecer com a ausência de sexo, já que seria muito fácil ele acabar com a promessa - até porque se cria em volta dele uma série de apostas e confusões, até mesmo em segredo. Mas enfim, o humor vem do exagero de situações bizarras (uma delas, é óbvia, quando ele começa a ver mulheres nuas em toda parte, conclui muito bem com o padre), ocasionais grossuras (os tempos mudaram depois da Aids, o que permite alguns detalhes de gosto duvidoso mas engraçados como o patrão que, por engano, toma uma dose cavalar de Viagra e tem que se refugiar no banheiro).

Eu ri muito, principalmente com a situação dos irmãos que ficam embaraçados quando, num jantar de família, acabam ouvindo as confidencias sexuais de seus pais. Enfim, pelo charme dos atores, por certas situações, o filme é o melhor que vi no gênero desde o primeiro "American Pie". Sem preconceitos.