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Ficha completa do filme

Comédia

Lisbela e o Prisioneiro (2003)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004
Nota 1

Estou cada vez mais convencido que a platéia de tempos em tempos fica dominada por alucinações coletivas. Todo mundo me falou bem deste filme, que tinha achado divertido. Mas será possível que por causa do sucesso anterior ("O Auto da Compadecida"), da campanha de marketing pela Globo, do prestígio de Guel, as pessoas não tenham sido capazes de perceber o óbvio: que o filme é um equívoco, que nem chega a ser ruim. É nada. É sem graça, sem talento, mediocremente realizado e só não chega a ser um horror porque acerta no casal central, o sempre simpático e eficiente Selton Mello e a boa atriz Débora Falabella.

Sempre me incomodam os problemas com filmes de época que não determinam bem quando se desenrolam. Poderia ser os anos 40 por causa da referência a estrelas da época e por ter sido o auge dos seriados nas salas de cinema (eles se acabam no começo dos anos 50 e não existiam fitas em episódios sobre temas românticos como mostra o roteiro. Mas esse é apenas um dos inúmeros erros de época, de tal forma que é melhor ignorá-los para evitar irritação).

De qualquer forma, a conclusão óbvia é que o texto de Osman Lins, que Guel experimentou antes no teatro, é muito inferior ao de Suassuna, não chega mesmo a ter maiores méritos. A gente fica esperando que algo aconteça de interessante, doido para dar risada e o tempo passa e nada... É banal. Cria a situação da menina romântica, filha do delegado, que vai ao cinema e sonha com situações parecidas com as dos filmes, até se deixar seduzir por um malandro de feira de diversões (Selton), que é perseguido por um marido traído e a mulher dele (a mulher do diretor, Virginia Cavendish, que desta vez defende-se bem).

Mas o problema é que o filme não rola. Anda em círculos, fica desconjuntado, perdendo-se em um humor bobo, ainda preso a convenções da tevê (com Tadeu Mello como o cabo da prisão), em equívocos de elenco (até mesmo Marco Nanini fica procurando pelo personagem, que não lhe convém e que deve ter feito por amizade. Devia ter sido alguém maior e mais bufão, mais engraçado).

O problema é que se pode dizer isso de todo o filme. Um ou outro momento ajuda a não irritar. Mas onde está a criatividade do diretor que parecia tão intensa na televisão? O sucesso do filme é resultado de uma boa campanha de lançamento. Só mais tarde é que começou a se ouvir as vozes descontentes e discordantes. Lisbela não é tudo isso que pretendem.

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