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Ficha completa do filme

Comédia,Animação

Looney Tunes De Volta à Ação (2003)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004
Nota 3
Looney Tunes De Volta à Ação

Mesmo quando criança não me lembro de assistir muitos desenhos da Warner, num mercado dominado por Tom e Jerry e Disney. Li sim as revistinhas em quadrinhos com o Pernalonga, Hortelino Trocaletra, o Patolino e principalmente o Frajola e o Piu-Piu, que para minha geração foram os mais marcantes (e que neste filme são meros coadjuvantes).

Mas o nome Looney Tunes (não dá para traduzir é algo como "Canções Malucas") nunca pegou ou foi marcante. Mas desde "Roger Rabbit" a Warner finalmente acordou para o fato de que tinha um grande número de franchises, de figuras famosas e mal aproveitadas, que deveria utilizar de alguma maneira. A primeira tentativa foi cara e não muito bem-sucedida "Space Jam", de 1996, com Michael Jordan, que faz aparição rápida aqui.

Mas ainda assim se deu melhor do que este "De Volta a Ação", que foi um desastre de bilheteria desde sua estréia nos EUA e também quebrou a cara aqui no Brasil, certamente também porque erraram em lançá-la apenas dublada. A dublagem nacional merece um momento de espanto. Embora as dublagens feitas pela Disney sejam impecáveis, desde os anos 30, os outros estúdios não se dão tão bem.

Aqui chamaram Marcelo Anthony e Débora Falabella para dublarem a dupla central Jenna Elfman e Brendan Fraser. Só percebi isso ao final onde há créditos sonoros, porque passei o filme todo xingando a incompetência das vozes, das entonações (que estragam as piadas, por vezes são amadoras - mas não das Figuras de Animação, que se defendem muito bem).

A verdade porém é que o filme passou totalmente em branco e só foi visto por pais infelizes que têm que levar os filhos pequenos ao cinema. Há porém algo a lamentar. Quem o realizou foi Joe Dante, que em bons tempos fez os dois Gremlins e é um diretor cult, que capricha nas citações e brincadeiras.

Ou seja, é uma pena que tenha quebrado a cara porque ele é um dos poucos verdadeiros admiradores e conhecedores dos desenhos antigos. Sei bem que para criança isso não faz a menor diferença e pouca coisa irão entender, mas o filme é uma festa para o cinéfilo. Isso vai desde a escalação do elenco: (todos os coadjuvantes são figuras veteranas de fitas de terror ou fantasia, tantos que é difícil citá-los), mas tem Dick Miller das fitas de Corman que faz o chefe da segurança do estúdio, o próprio Roger Corman - que aliás revelou Dante - rodando um novo "Batman", Kevin McCarthy de "Vampiros de Almas" reprisando papel (no laboratório), Mary Woronow (parceira de muitas fitas dos anos 70), assim como todos presentes como asseclas do vilão).

Durante o filme as citações são igualmente numerosas variando de uma visita ao Louvre (que serve para citar graficamente quadros famosos de Dali, Toulouse Lautrec, assim como "O Grito" e "Domingo no Parque" - onde explica o que é pontilhismo) até posters nas paredes e pequenas menções em placas (não traduzidas).

Há também uma homenagem explícita a cena do chuveiro de "Psicose", aparições de todos os monstros famosos dos anos 50 em fitas de terror como Robby o Robô (e ainda o próprio ET), a todos os filmes de James Bond (até porque Timothy Dalton, que fez 007, interpreta o pai do herói), pontinhas de personalidades mais contemporâneas (Matthew Lillard como o Salsicha de Scooby-Doo), Peter Graves ("Missão Impossível"), além de obviamente todo o elenco dos desenhos (antes do filme passa um desenho curta com o Coyote e o Papa-Léguas).

E dezenas de outras ("Falcão Maltês", "Cantando na Chuva", Jerry Lewis, "Gremlins"), além dos dubladores originais dos desenhos e assim por diante (incluindo merchandising de um supermercado, marca de chocolate etc).

Apesar de tudo isso, não conseguiram armar um roteiro mais inteligente ou convincente. Jena está particularmente ruim (ela não consegue nem contracenar direito com os desenhos) como uma chefe de estúdio (dos Irmãos Warner) que despede o Patolino em troca do Pernalonga (que nunca irá se tornar mau caráter, continua apoiando o rival). Um segurança do estúdio que tenta ser dublê (Fraser) se envolve na situação (por acaso ele é filho de um astro de fitas de espionagem que está envolvido num caso real, foi seqüestrado por causa do Diamante Azul).

Eventualmente irão a Las Vegas e no deserto descobrirão um esconderijo (lá está Mãe, feita por Joan Cusack, que é uma cientista que guarda todos os Ets famosos) até finalmente enfrentarem o vilão que é um milionário dono de uma corporação chamada Acme, que deseja transformar todos os humanos em macacos.

Parece absurdo, pois é. E confuso também. E não é ajudado por Steve Martin que faz o bandido, ao menos na versão nacional ele não deixa qualquer impressão. Misturando desenho com atores de forma desigual e por vezes canhestra, o filme pode ser defendido por utilizar os personagens de acordo com suas características originais (Dante o teria chamado de "Anti Space Jam") mas quem tiver saudades melhor comprar em DVD a caixa que saiu com quatro discos dos Looney Tunes originais. Este filme não deve criar novos fãs.

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