O Núcleo - Missão ao Centro da Terra (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003

Nota 1

Se você é daqueles que, como eu, gosta de uma fita de aventuras lembrando as de Jules Verne (quem esquece "Viagem ao Centro da Terra"?), vai se divertir com este filme muito bem produzido, divertido e bem feito. Mas é preciso curtir tanto "disaster movies" (fitas de catástrofe) quanto fitas sobre o Fim do Mundo.

Embora fosse uma produção cara (de mais de 75 milhões de dólares, principalmente em efeitos especiais) não arrecadou mais que 32 nos EUA. Talvez porque a história fosse incômoda tanto depois de 11 de setembro, quanto depois do acidente com a nave Columbia (há na fita um caso parecido em que uma nave como ela tem que fazer aterrissagem forçada no rio Los Angeles). Mas é coisa do gênero.

É preciso desistir de qualquer credibilidade e aceitar as premissas absurdas do filme para admitir a aventura. Assim, começa com um herói inteligente e bem humorado, um professor universitário (Aaron, saindo-se bem) que irá liderar uma expedição ao centro da Terra, numa nave capaz deresistir às altíssimas temperaturas (antes disso, há desastres como um ataque de pássaros em Londres, que lembra o filme de Hitchcock e a cidadede Roma destruída por tempestades elétricas).

À bordo, vão dois astronautas (Greenwood e a inexpressiva Hilary), o inventor da nave (Delroy) e seu rival pretensioso (Tucci) e um único estrangeiro, o francês Karyo (édifícil tolerar a mania americana de salvarem o mundo sozinhos, embora felizmente haja pouco patriotismo aqui e o próprio governo, inclusive o presidente, sejam acusados frontalmente de terem provocado a catástrofe fazendo experiências indevidas e perigosas).

Claro que não faltam clichês (o hacker excêntrico que acaba ajudando, o militar humano, o romance discreto entre o casal). E os efeitos são discutíveis porque afinal decontas ninguém sabe direito como é o interior da Terra. As cenas excluídas mostram certas coisas que ficaram de lado (o fato de esconderem a verdadedo público e do herói ser claustrofóbico).