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Ficha completa do filme

Comédia

Inconscientes (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 1

Esta foi uma comédia cult do nosso circuito de arte. É verdade que exige um espectador informado, em particular nas teorias de Freud e os temas da psicanálise. E também que não se assuste com a narrativa diferente, que mistura uma estrutura antiquada (que parece teatro, peça de boulevard dos anos 30) com uma linguagem moderna (particularmente na edição estilizada que utiliza molduras e cortinas).

É recomendável ir entrando no filme aos poucos, para melhor saborear seu humor sofisticado (que também se alterna com momentos de pura chanchada). Ao final, é provável que você se divirta muito.

Esta comédia espanhola indicada para cinco Goyas (Figurino, Maquiagem, Trilha musical, Roteiro original e Atriz Coadjuvante, a ainda bela Mercedes Sampietro que faz a mãe) e selecionada para Sundance, é trabalho de um roteirista e diretor catalão (de Barcelona) que com muita verve conta uma história passada em 1913, quando a grávida esposa de um psiquiatra (a ingênua Leonor Watling, de "Fale com Ela", de Almodóvar) descobre que o marido fugiu às pressas.

Contando com a ajuda do cunhado (que é apaixonado por ela), ela vai descobrindo todo um mundo de segredos e perversões que desconhecia, a partir de um livro de tese do marido, que é um discípulo de Freud.

A princípio tudo aquilo parece um pouco irrelevante (que o cunhado seja superdotado sexualmente), mas à maneira das peças de Feydeau vão aparecendo outras figuras curiosas e situações interessantes (filmes pornográficos com mulher masoquista, incesto, orgia de travestidos, etc) culminando com uma visita do próprio Freud (que deverá sofrer atentado a sua vida).

As piadas são geralmente engraçadas (tem um cientista chamado Alzeihmer que sofre de perda de memória, quando atiram em Freud ele pergunta se é um seguidor de Jung) e as restrições menores (por exemplo, o cunhado que parece Jonas Mello poderia ter mais cabelo e mais pinta de galã). O que começa como farsa, cresce como sátira de costumes e se torna umas das fitas mais interessantes para enfrentar o vazio das férias escolares.

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