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Ficha completa do filme

Ação

Kill Bill Volume 2 (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005
Nota 1
Kill Bill Volume 2

Tarantino era reconhecido como um grande escritor de diálogos e criador de situações inusitadas. Mas queria demonstrar que sua formação como nerd, fã de fitas de kung-fu asiáticas, também tinha lhe ensinado muito. Assim demonstrou nestes dois filmes como conseguiu se tornar também um grande realizador de fitas de ação, usando os truques dos orientais mas com um ritmo agitado, muita sangueira e pela primeira vez trabalhando com uma trilha musical alheia, do amigo diretor Robert Rodriguez.

O filme na verdade foi concebido como um único trabalho e só foi dividido pela Miramax, por razões comerciais. Tarantino soube fazer a separação, deixando o primeiro filme estritamente como pura ação, uma história de vingança. E o segundo explorando melhor os personagens e situações (as cenas em preto e branco são assim porque coloridas se tornariam violentas demais e foram exibidas assim no Japão).

Já disse muitas vezes quanto me diverti e apreciei o Volume I. E fiquei animado quando tive notícias de que o II era não apenas diferente mas até melhor. Permita-me discordar ao menos em termos estritamente cinematográficos, sem mencionar o lado moral (Tarantino não tem um moral a esposar, o filme é sem agenda, sem proposta, mero exibicionismo formal).

Na segunda parte o filme perde em criatividade e originalidade, caindo em algumas cenas longas de bate papo, com pseudofilosofias completamente bobas e chatas. Bill finalmente é visto, mas é anti-clímax porque o ator que o interpreta, David Carradine, embora recordado com nostalgia porque fez o seriado "Kung Fu", não é carismático, nem mesmo bom ator, não tem uma presença tão notável (fico me perguntando se teria sido melhor com Warren Beatty, que ia fazer o personagem).

Tanto que o encontro final do casal, tão esperado, não tem maior importância ou impacto. Será que a crítica americana gostou porque tem menos sangue? Menos luta e portanto fica mais fácil seguir a história (as gracinhas da criança precoce quando a heroína, Uma, finalmente descobre que é a mãe, são de virar o estômago).

Não gosto da idéia de trazer novamente Michael Parks fazendo outro personagem sem a maior necessidade (no volume I ele já era um xerife, agora faz um cafetão que é uma figura paterna para Bill e dá para a noiva, sem problemas, o endereço dele. Aliás, o retorno de Parks, canastrão dos anos 60, não teve a menor repercussão).

O filme tem momentos áridos, que não vão para lugar nenhum. As lutas não são especialmente marcantes, nem mesmo quando Daryl Hannah usa a cobra contra Michael Madsen, apenas um golpe baixo, nem quando Uma vem enfrentá-la dentro de um trailer, não exatamente o lugar ideal para grandes sacadas. Enterrar viva a heroína também não provoca grandes reviravoltas, mas ao mesmo comprova o poder da Noiva.

Ou seja, ao contrário de muitos, não gostei especialmente da segunda parte. Os diálogos são mais fracos (com duas ou três piadinhas) e por vezes o filme até se arrasta. Fui conferir em Cannes a versão integral e manteve-se a opinião.

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