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Ficha completa do filme

Drama

O 7° Dia (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005
Nota 3

Infelizmente é o pior de Carlos Saura, que já foi o mais importante cineasta da Espanha, a meio caminho entre Buñuel e Almodóvar. Ele se deu melhor na época da ditadura de Franco, quando fazia dramas alegóricos (em geral com sua então mulher Geraldine Chaplin).

Depois quando veio a democracia ficou meio perdido até acertar realizando famosos e bem sucedidos filmes musicais de flamenco (desde "Bodas de Sangue", de 1981, até o recente "Salomé", de 2002).

Mas o tempo é cruel e mesmo Saura tendo apenas 73 anos (muito longe de Manoel de Oliveira, o mais velho e dos piores cineastas do mundo) está fora de forma, ficou com mão pesada e não acertou neste drama antiquado e triste. Que só não é pior porque não sabemos o final (e nada o prepara), o que ainda conserva certo impacto.

Mas virou um filme de velho, cansado, sem criação. E isso não é compensado pela segurança, já que tudo é realizado com mão pesada, com atores pouco memoráveis (a mais famosa é Victoria Abril das fitas de Almodóvar) que quase fica caricata no papel da solteirona matriarca que provoca toda a tragédia.

A história, informa o letreiro, é baseada em fatos reais (ainda que os personagens tenham sido romanceados). Pena que ela seja tão banal, tão semelhante a outras feitas antes. Aqui é outra historia de rivalidades entre famílias, só que no interior da Espanha, na Catalunha, com desenlace durante umas olimpíadas dos anos 80.

Quem conta a história é uma adolescente que relembra os fatos complicados e por vezes obscuros. Duas famílias que brigam por gerações (desde uma morte por incêndio que não fica muito clara porque a única testemunha é o louco da aldeia).

Um deles tenta matar o pai da menina, um açougueiro e acaba passando anos na cadeia. Só para sair e tentar matá-lo de novo. Há também um romance da menina com um rapaz local, que acaba deixando a cidade por desprezar o lugar (é o único indício que a cidadezinha seja cruel, já que todos que vemos são simpáticos, até as fofoqueiras).

Mas basicamente tudo caminha para o trágico desenlace. É curioso também como Saura não perdeu a mania de música, já que em muitas cenas, e nas duas famílias, as pessoas estão dançando ou cantarolando alguma canção popular. Indicado para quatro Goyas, inclusive direção, premiado como Melhor Diretor em Montreal, o filme porém decepciona e não convence. Ao menos para quem conhece a obra do outrora grande cineasta.

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