UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Drama

Olga (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 30/03/2005
Nota 3

"Olga" foi o grande sucesso de bilheteria do ano passado (mais de 3 milhões de espectadores), malhado pela crítica e admirado pelo público. Foi um erro indicá-lo ao Oscar, já que o visual de telefilme não ajuda. Por outro lado, o excesso de closes não fica tão mal agora em DVD e vídeo.

"Olga" não é um projeto pessoal. O diretor de novelas Jayme Monjardim é apenas um diretor contratado, que foi chamado pela produtora e roteirista Rita Buzzar (mulher do ex-diretor Sergio Toledo). A seu favor podemos dizer que "Olga" é certamente o filme brasileiro mais bem produzido em todos os tempos. Tem extraordinária direção de arte, cenografia (toda feita no Brasil, num estúdio do Rio, onde fizeram as cenas de neve). A fotografia é bastante cuidada.

O problema maior é a escolha da trilha musical, que é certamente a pior já vista num filme brasileiro recente. Invasiva, excessiva, enfatiza tudo da forma errada, sempre de forma retumbante e óbvia (foi feita pelo mesmo compositor das telenovelas de Benedito Ruy Barbosa). Irrita e chega a tornar o filme difícil de tolerar.

O diretor persistiu em sua mania de filmar tudo em closes, por vezes redundantes. Não é um grande problema o filme ter cara e estética de televisão, seguindo a narrativa no estilo global. O produtor sabia o que queria quando chamou Monjardim. Os erros são outros. Estão já no roteiro - os diálogos são ruins, por vezes embaraçosos, e o filme minimiza a figura de Luis Carlos Prestes.

Camila Morgado não tem o fôlego para sustentar um personagem tão difícil e complexo, talvez até por inexperiência. Caco Ciocler, no entanto, chega próximo de Prestes - embora a preocupação parece ter sido querer deixá-lo pequeno diante de Olga, tirando o carisma do personagem. O resto do elenco é igualmente irregular. No geral, "Olga" resulta frio apesar dos acordes bombásticos da trilha musical.

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 3

Foi o grande sucesso de bilheteria do ano (mais de 3 milhões de espectadores), malhado pela crítica e admirado pelo público. Foi ume erro, porém, indicá-lo ao Oscar (além de judia, a heroína é comunista e terrorista e o visual de telefilme não ajuda). Na verdade, o excesso de closes ajuda o filme agora em home video.

"Olga" não é um projeto pessoal. O diretor de novelas Jaime Monjardim é apenas um diretor contratado, que foi chamado pela produtora e roteirista Rita Buzzar (mulher do ex-diretor Sergio Toledo). A seu favor podemos dizer que "Olga" é certamente o filme brasileiro mais bem produzido em todos os tempos. Tem extraordinária direção de arte, cenografia (toda feita no Brasil, num estúdio do Rio, onde fizeram as cenas de neve, que parece cair sem parar e sem provocar bafo quente nas pessoas). A fotografia é bastante cuidada.

O problema maior é a escolha da trilha musical, que é certamente a pior que eu já vi num filme brasileiro recente. Invasiva, excessiva, enfatiza tudo da forma errada, sempre de forma retumbante e óbvia (foi feita pelo mesmo compositor das telenovelas de Benedito Ruy Barbosa). Irrita e chega a tornar o filme difícil de tolerar.

Não há a menor dúvida que o diretor persistiu na sua mania de filmar tudo em closes, por vezes redundantes. Não acho um grande problema ele ter cara e estética de televisão, de seguir a narrativa no estilo global. O produtor sabia o que queria quando chamou Jaiminho.

Os erros são outros. Estão já no roteiro (os diálogos são ruins, por vezes embaraçosos, o filme minimiza a figura de Luis Carlos Pestes, chegando ao cúmulo de mostrá-lo costurando roupinhas, mas por outro lado não conta que, mesmo com o ditador Getúlio Vargas matando Olga, Prestes o apoiaria na eleição de 1950).

O fato é que é muito difícil contar para um público contemporâneo o que seria um revolucionário fanático comunista. Engajado em luta armada, na revolução, ele sacrifica conscientemente sua vida pessoal e sua segurança pelo sonho utópico da Revolução. Assim já na primeira cena, Olga aparece empunhando revólver e salvando um comunista de um julgamento. Mostra-se sempre fria e decidida (por isso, muito do que diz no navio não faz sentido, e mesmo seu comportamento quando se torna mãe, afinal certamente houve um elemento de jogo, ao engravidar de pai brasileiro).

Enfim, terrorista hoje mata gente e explode World Trade Center. É difícil simpatizar com gente que recebe o Ouro de Moscou (Moscou financiava tudo e ditava ordens) para provocar revoluções, ainda que por ditas boas causas.

Outro erro grave do filme é a decisão de falar português como se fosse a língua natural deles (assim, Olga não tem sotaque). Mas isso acaba provocando uma grande confusão (no Brasil, no grupo de revolucionários o americano não tem sotaque, mas outros sim. E quando ela faz discursos em Moscou, falando português, não poderiam incluir palavras em russo). Enfim, ficou uma salada.

Quando vi "A Casa das Sete Mulheres", Camila Morgado parecia uma opção interessante para o papel de Olga (para quem chegou-se a pensar até em Meryl Streep). Mas ela não tem o fôlego para sustentar um personagem tão difícil e complexo, talvez até por inexperiência. O fato é que não convence. Caco Ciocler chega próximo de Prestes (embora a preocupação parece ter sido querer deixá-lo pequeno de tamanho diante de Olga) sem nenhum carisma do personagem.

O resto do elenco é igualmente irregular (e inclui além da Grande Fernanda como a mãe de Prestes, Jandira Martini, fazendo bem uma colega de campo de concentração em meio a outras figuras menos convincentes). O livro de não-ficção de Fernando Moraes foi um grande best-seller, e é pela própria natureza muito melhor do que o filme. Muita gente saiu chorando do cinema, não foi meu caso. Para mim, "Olga" resultou frio apesar dos acordes bombásticos da trilha musical.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo