Provocação (2004)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 07/02/2006

Nota 1

Um dos melhores filmes de 2004, "Provocação" não fez o sucesso merecido nos EUA tampouco deu uma indicação ao Oscar para Jeff Bridges.

O filme foi saudado como a melhor adaptação de um romance de John Irving, no caso, "A Widow for One Year", muito bem roteirizado e dirigido por Tod Williams ("Adventures of Sebastian Cole"). O longa é daqueles filmes pequenos e humanos, meio "Entre Quatro Paredes". Um adolescente que deseja ser escritor (o bom Jon Foster, mais velho do que aparenta) vai passar o verão na casa de um escritor de livros infantis (um deles leva o nome original do filme, "A Porta no Chão", mas há outras explicações para o título).

O jovem desconhece a crise entre o escritor e sua mulher (Kim Basinger), provocada principalmente pela perda dos filhos gêmeos adolescentes em circunstâncias misteriosas. O casal tem também uma criança pequena (Elle Fanning, tão talentosa quanto a irmã Dakota).

O garoto acaba se envolvendo com Kim e transa com ela, enquanto o escritor não se incomoda, em parte porque pensa em se separar, em parte porque está tendo um caso com uma viúva (Mimi Rogers).

O filme é bom, com personagens e situações complexas que não se resolvem com besteiras. Tudo cheio de nuances sem abusar da figura do adolescente, o que seria um clichê, que não é nem o narrador da história.

"Provocação" é um pouco "Verão de 42", só que mais adulto, menos romântico e, portanto, mais verdadeiro. Kim amadureceu muito bem, se humanizou. Jeff está em um de seus momentos mais discretos e eficientes.

Distribuído nos EUA pela Focus e aqui pela Imagem, é um filme de qualidade e adulto que ficou perdido no verão de blockbusters.