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Ficha completa do filme

Romance

Querido Frankie (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005
Nota 1

O trailer tinha me deixado com uma má impressão: além de não contar um detalhe fundamental da trama, dava a sensação de que era sentimental e previsível. Felizmente não é verdade. Este filme escocês é delicado, sensível, discreto, muito bem realizado, com uma história cheia de surpresas e matizes.

Premiado pelo público no Festival de Los Angeles e depois em Montreal e Seattle, indicado como Filme de Estreante pelo BAFTA e exibido no Festival Um Certo Olhar do Festival de Cannes, tem um pedigree para recomendá-lo. Mas francamente não esperava uma fita de estreante, tão matizada, tão bem narrada.

É a história de um menino de nove anos, Frankie que vive com a mãe e a avó, sempre mudando de casa. Ele é surdo (lê lábios, mas prefere não falar) e vive na expectativa de receber as cartas que o pai, marinheiro, lhe envia de tempos em tempos. Mas o público já sabe desde o começo que é a mãe que escreve essas cartas e que esse pai não existe.

Quando uma coleguinha revela numa aposta que o navio do pai estaria chegando ao porto, a mãe tenta encontrar um substituto, alguém que se faça passar pelo pai do menino. O que consegue com a ajuda de uma amiga e empregadora.

E o estranho é melhor do que a encomenda, se revelando um tipo bonitão, seguro, afetivo (quem faz o papel é Gerard Butler, que não deixou qualquer impressão como "O Fantasma da Ópera" no filme de Schumacher, mas que aqui demonstra um inesperado carisma e pinta de galã, convencendo inteiramente num papel difícil, todo construído em cima do charme dele).

Mais não posso contar. Basta dizer que a trama é bem armada, de uma forma que tudo se soluciona bem, mas não de forma excessivamente romântica ou hollywoodiana (inclusive com uma surpresa vinda do passado). Sem melodramas, sem babaquices, a fita realizada por duas mulheres (a roteirista é Andrea Gibb) tem um elenco perfeito (a princípio estranhei que o menino surdo e que não fala fosse o narrador da história, mas até isso se encaixa no fim) e momentos de grande singeleza (o crítico Roger Ebert elogiou muito um deles, quando o casal fica na dúvida se deve ou não se beijar, realmente muito bem feito). É uma fita que vale a pena assistir.

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