Sexo, Amor & Traição (2004)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004

Nota 3

Ao menos comercialmente foi uma boa idéia querer refazer a comédia mexicana "Sexo, Pudor e Lágrimas" (1999), de Antonio Serrano, que foi campeã de bilheteria por lá, mas pouco vista aqui. O texto era sem graça, medíocre e distante do atual renascimento do cinema mexicano. Lembrava mesmo aquelas pornochanchadas envergonhadas, feitas no Rio nos anos 70 por Alberto Pieralisi e similares.

Mas possibilitava ao menos ser rodada com custo baixo (basicamente se passa em dois apartamentos cariocas) e elenco global. O resultado foi uma das maiores bilheterias do ano, prova de que caiu no gosto da platéia. Bem melhor que o original, é uma comédia decente, razoável, que dá para se assistir. A pessoa que parece ganhar mais com ela é Fábio Assunção, que se revela muito melhor comediante que galã (na verdade, ele já tinha se saído bem como anti-galã em "Cristina quer Casar"). Tem o timing certo, não cai na caricatura e funciona muito bem - mesmo que o filme não tenha mudado muito na sua estrutura banal.

O fato é que faltam melhores piadas, situações mais engraçadas. Tudo é mediano. Apesar de ser a protagonista e também ser uma atriz encantadora e charmosa, Malu Mader tem pouco a fazer. Para completar o grupo, tem a ex-namorada de Miguel feita por Heloise Perissé, que também não registra tão forte quanto na peça "Cócegas". Há ainda duas participações: Marcelo Anthony como amigo gay (um personagem clichê, desnecessariamente desmunhecado) e Betty Faria como a mãe de Murilo, fotografando muito mal. A trilha musical é irritante e intrusiva, num todo imemorável. Sem dúvida melhor do que o horrível "Avassaladoras", dos mesmos produtores. Nos letreiros tem cenas não aproveitadas, mas não erros de filmagem.