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Ficha completa do filme

Comédia

Bendito Fruto (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005
Nota 3

Andei lendo por aí que era a melhor comédia brasileira do ano. Mas me espantei com o fracasso total de bilheteria. Será que o público se enganou tão redondamente? E mais uma vez, quem se exacerbou foi a crítica.

Esta é apenas uma comédia razoável que erra no óbvio, na escolha de elenco (não há grandes atrativos e falta um astro para chamar público) e principalmente na construção de um roteiro todo politicamente correto. Parece que eles se esqueceram que a base de todo drama ou comédia é o conflito.

Mas parece que tem medo dele, ao ponto de não mostrar cenas fundamentais (por exemplo, a morte de um dos personagens centrais, na verdade, um casal de que ficamos sabendo apenas por uma nota no jornal) e esquecer de outras (por exemplo, o a tampa do bueiro que sai voando no começo do filme e que poderia ter continuidade ou função maior do que apenas atingir a turista Vera Holtz).

O problema é que todo mundo é bonzinho demais, bom coração, gentil. Mas bonzinho não dá filme. Assim a história seria sobre um cabeleireiro (Otavio Augusto, que é o bom ator de sempre) que não é gay, como às vezes o ator dá a entender, mas vive com uma empregada doméstica que é cria da casa e amor de infância (Zezé Barbosa, contida).

Eles têm um segredo meio óbvio mas enfim, deveria surgir o problema quando reaparece uma viúva do interior de São Paulo, que precisa de ajuda e reacende um romance também antigo. Mas como todo mundo é santo, nada sucede de muito importante, nem brigas, nem confusões, nem portanto risos.

Aí vem o filho da empregada de volta da Europa, onde parece ser DJ, não fica claro, mas ele é gay e está de caso com um ator de novela (Moscovis). Novamente nenhuma crise, tudo é aceito na maior boa vontade e total percepção (também o rapaz olha para a mãe e o outro e já vai dizendo que eles têm rolo, portanto perde-se outra chance de conflito).

Ou seja, o roteiro é uma lição perfeita do que não se deve fazer. O elenco até que está muito bem (mas não sei o que diretor fez, porque há um crédito para diretor de atores para o Enrique Diaz, irmão do Chico). No caso, a grande figura e quem rouba o filme é Lucia Alves, uma pessoa que andava meio fora das novelas e nos faz lembrar seu brilhante talento. Ela está formidável e até ajuda a dar impressão que a fita é menos tolinha e descartável do que na verdade é.

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