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Ficha completa do filme

Drama

Crianças Invisíveis (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 1

Teve bastante impacto no público de arte este filme franco-italiano (foi chamado originalmente "Take 7") que teve a colaboração da Unicef e para o World Food Program, na tentativa de construir um painel sobre as tristes condições de vida das crianças no mundo inteiro, com a participação de diretores importantes, inclusive a brasileira Kátia Lund que assinou como co-diretora em "Cidade de Deus" e que volta a usar sua competência na condução de crianças.

Levou quatro anos em produção e os diretores doaram seus salários. Mas tiveram total liberdade de ação e escolha. O problema é o de sempre com filmes do gênero, o resultado é interessante (até por serem histórias curtas com cerca de 16, 19 minutos), mas o ruim é que: 1) são irregulares; 2) quando se viu a última, já se esqueceu das primeiras. E a reação pode variar de pessoa para pessoa (no meu caso, em particular, o que mais recordo é o último do John Woo, quase sem diálogos, mostrando uma criança que sai com os pais de Hong Kong e outra criada por uma velha, ligados por gato).

O filme abre com o episódio do argelino Charef, sobre um menino de 12 anos, Tarzan, que é um guerrilheiro mirim. É estranho vê-los falar inglês (aprendido foneticamente) e a paisagem que na verdade é de Burkina Fasso (porque a Argélia tem problemas com fundamentalistas). Depois é a vez do consagrado Kusturika, que novamente volta aos ambientes ciganos de vários de seus filmes, falando de Uros, um garoto que resolve se separar de sua família de ladrões e bêbados, indo para um reformatório que comparado com sua vida, é um paraíso.

"Ciro" foi dirigido pelo co-produtor do filme, Veneruso, sobre o filho mal amado de uma mãe desinteressada. A alternativa é andar pelas ruas de Nápoles, roubando um rolex e sendo preso (Maria Grazia Cuccinota, estrela na Itália faz participação e assina como co-produtora). O episódio de Spike Lee, "Os Filhos de Jesus na América", se passa nas ruas do Brooklyn, onde Blanca é atormentada na escola porque seus pais (negros) são junkies, viciados em drogas. Seu mundo entra em colapso quando descobre que além de tudo, ela é HIV positiva. Um dos episódios de maior impacto.

No brasileiro "Bilu e João", uma dupla de garotos, menino e menina, andam por São Paulo com uma carreta procurando papéis e alumínio para vender. Tudo funciona, atores, a ambientação, a tragédia da vida das crianças sem futuro. Sem discursos. Um dos melhores.

O seguinte é dirigido por Ridley Scott ("Blade Runner") e sua filha Jordan e procura algo diferente. Mas não funciona. David Thewlis faz um fotógrafo que tenta retratar os rostos dos órfãos do Leste Europeu. No episódio final de John Woo, o contraste entre uma menina rica e outra pobre, a história clichê consegue impressionar pelos detalhes, os rostos infantis, a emoção de poucas palavras.

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