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Ficha completa do filme

Comédia

Flores Partidas (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 12/04/2006
Nota 3

O tempo fez com que o diretor Jim Jarmusch se repetisse desde os anos 80 em experiências não mais que curiosas _como os filmes que fez com Roberto Begnini e "Café e Cigarros"_, que o deixaram em um segundo plano de importância, interrompido ocasionalmente por filmes como "Flores Partidas", que são badalados pelos antigos fiéis.

Aqui Jarmusch escolheu Bill Murray justamente num momento em que seu estrelato está cansando. Houve um tempo o ator era muito divertido, com sua cara de pau, sua ausência de reflexos, cada vez fazendo o mínimo possível. Mas ele realmente está se repetindo e explorando seu personagem até os limites.

Em "Flores Partidas", Murray está cercado de mulheres interessantes numa história que é velha (em 1980, Joan Tewsbury fez "Old Boyfriends", que tinha o mesmo ponto de partida, usado também em outros telefilmes) e muito mal concluída.

O ator interpreta Don Johnston, personagem escrito especialmente para ele, um cinqüentão apático. Ele vive meio jogado, confraternizando com o vizinho (o ótimo Jeffrey Wright) que o ajuda quando ele desconfia que tem um filho, agora adulto, de uma das ex-namoradas.

Mas Johnston não sabe quem é a mãe nem quando a engravidou. Então ele sai pelos EUA buscando reencontros. Julie Delpy está irreconhecível como a namorada mais recente. Sharon Stone funciona como a ex mais liberal (e cuja filha faz jus ao nome de Lolita), Frances Conroy (de "A Sete Palmos") é uma mulher casada e que virou nova cristã. Jessica Lange é uma inusitada psicóloga de animais (diz que escuta os bichos). Tilda Swinton é a que o recebe mais agressivamente e vive numa comunidade esquisita.

De qualquer forma, o filme seria uma viagem de autodescobrimento. Mas isso está mais n sinopse do que na tela. Porque Jarmusch se utiliza muito das canções, cria as situações, mas nunca vai fundo nem muito adiante. Tudo é engraçadinho, razoável, mais do que se espera e menos do que o público gosta de sentir, até pelo final do filme (não quero comentar mais para não estragar o possível impacto), que o público detesta.

Enfim, o fato de ter ganho o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2005 só demonstra como o evento foi fraco naquele ano.

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