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Ficha completa do filme

Ficção Científica

Guerra dos Mundos (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 15/11/2005
Nota 1

O filme foi concebido quando "Missão Impossível 3" foi adiado e Cruise tinha uma folga. As filmagens começaram apenas sete meses antes da estréia, ao custo de US$ 128 milhões. Como diz a sabedoria popular, tudo o que é feito às pressas sai errado.

A primeira sensação que o filme transmite é de traição. Especialmente para quem vibrou e se emocionou com "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" e "ET", os dois filmes em que Spielberg falava de extraterrestres simpáticos - exatamente o contrário da tradição do gênero criado por H.G. Wells no livro "Guerra dos Mundos", que era a do invasor agressivo e sem face.

Por que ele mudou de idéia e resolveu fazer mais uma versão da história que já teve uma série de tevê e antes disso um filme clássico de 1953 (com Gene Barry e Ann Robinson)? Algumas cenas de efeitos especiais são espetaculares, mas fica a sensação de que "Independence Day" já mostrou isso mais satisfatoriamente. Sem falar na lendária versão para rádio de Orson Welles em 1940, que espalhou a "notícia" da invasão dos EUA por ETs e paralisou o país. Para que mexer de novo num projeto que já nasceu velho?

Outro fator que não se pode desprezar é que o filme chega depois do 11 de setembro e da destruição em massa que deixou de ser fantasia para os norte-americanos. Por duas vezes, os filhos da família perguntam: "é ataque terrorista?" (e, mostrando a ignorância americana, o menino ainda insiste: "isso é coisa de europeu?"). Apesar deste problema, o que mais incomoda de fato é o roteiro de Josh Frieman (que tem como crédito apenas o fraco "Reação em Cadeia"). Ele cria um personagem chato e tolo para Tom Cruise, que pela primeira vez faz o pai de um adolescente, mas, para conservar seu tipo, se torna outro dos pais ausentes das fitas de Spielberg. Não é respeitado pelos filhos, e a esposa Miranda Otto é vista em apenas duas cenas.

A filha, que é interpretada pela excelente Dakota Fanning, é dada a ataques de pânico e já começa histérica de forma que não tem para onde ir, e acaba muda, em estado de choque, o que é uma resolução muito fraca para um personagem tão importante. Quanto ao garoto, tudo é ainda pior: além de o ator ser fraco, o personagem se comporta de maneira completamente tola, e a resolução de sua história é ainda mais absurda, a pílula mais difícil de engolir de todo o filme.

Não há personagens paralelos. Tudo é centrado em Cruise e os dois filhos, e todos os outros são personagens incidentais que não deixam marcas (nem o casal brasileiro que seria vizinho do herói). Além disso, os ETs são agressivos e nem um pouco inteligentes - afinal, para uma invasão dessas, mesmo que não dêem explicações, seria lógica que uma civilização supostamente tão adiantada fizesse pesquisa antes de vir para a Terra. O espectador sai da sala sem saber por que os alienígenas exterminam tudo e usam sangue humano como fertilizante.

Por incrível que pareça, o filme não é um completo desastre. Chegou até a ser sucesso mundial de bilheteria, e as cenas de ação (o primeiro ataque na rua, a batalha no rio e depois a campal) podem fazer valer o ingresso, e há momentos de bastante suspense (como a antena do Monstro procurando no porão junto com um fazendeiro extremista feito por Tim Robbins).

O problema é que tudo se resolve rapidamente demais, e não há chance para a ironia na conclusão (que é a mesma do livro). Ou seja, é apenas uma fita razoável, que comprova a decadência de Spielberg, infeliz na escolha de projetos e nesta parceria com Cruise (que não está nos piores dias como ator, apesar do personagem tão fraco).

O DVD, em boa edição especial, tem dois discos e traz os extras "Revisitando a Invasão", "O Legado de H. G. Wells", "Steven Spielberg e a Guerra dos Mundos Original" e "Personagens: O Núcleo Familiar", "Pré-visualização", "Diários da produção: Costa Leste - O Início e O Fim"; "Costa Oeste - Destruição e Guerra", além de "Desenhando o Inimigo: Tripods e alienígenas" e "A música de Guerra dos Mundos - Nós não Estamos Sós".

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 1

Um clássico da ficção científica inspirado em livro de H G Wells, produzido pelo especialista no gênero, George Pal e vencedor de um Oscar Especial de Efeitos Especiais (ainda não existia a categoria na época). Embora possa parecer um pouco ingênuo hoje, na época ele foi marcante, muito bem narrado (as fitas do gênero naquele momento ainda eram em preto e branco e mais modestas) e obviamente um precurssor de "Independence Day".

O elenco é fraco, mas é curiosa a concepção dos discos voadores em forma de cisne (a cabeça parece um periscópio) e os ETs como se fossem aracnídeos. Final inesperado. Em 1988 virou série de TV e em 2003 foi refilmado. A capinha fala em 5.1 mas o som é em dois canais.

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