Memórias de uma Gueixa (2005)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 08/08/2006

Nota 1

O que poderia ter sido um filme notável, acabou sendo sabotado por uma série de equívocos. O maior deles certamente foi a escolha do elenco, com atrizes chinesas (exceto Michelle Yeoh, da Malásia) a interpretar papéis de japonesas.

Trata-se de um grande descuido, uma vez que as duas nações são rivais (resquícios da Segunda Guerra Mundial e da guerra entre ambos os países, quando os japoneses foram terrivelmente violentos e sanguinários). Resultado: o filme está proibido na China (com a desculpa de que tem cena de sexo forte) e não fez boa carreira.

O diretor Rob Marshall (de "Chicago", do premiado com o Oscar) fez um trabalho visualmente caprichado. É um filme belíssimo, com esplêndida fotografia, uma belíssima trilha musical (ganhou o Oscar 2006 de fotografia, figurino e direção de arte), e boas interpretações (todas as mulheres estão supercompetentes.

Mas seriam as gueixas prostitutas? Segundo o filme, a resposta é: mais ou menos. Elas são uma espécie de cortesãs que podem liberar seus favores sexuais, mas sua função principal é fornecer conversa, companhia, diversão e alguns momentos de relaxamento fora dos compromissos profissionais e da rotina de casa.

"Memórias de uma Gueixa" é uma adaptação do best-seller homônimo do norte-americano Arthur Golden. A versão para a tela sumariza em 145 minutos o drama da heroína Sayuri (Ziyi Zhan), vendida por sua família para uma casa de gueixas, onde é perseguida pela colega mais importante da casa (Gong Li).

Sayuri sofre muito, chega a ser expulsa do lugar, também porque se apaixona por um homem mais velho que encontra um dia num parque (Ken Watanabe, de "O Último Samurai"). Até que um dia vem a Segunda Guerra Mundial e acaba com aquele sistema de vida.

Como o filme não é nada realista, é estilizado e não lida com qualquer situação política, não chega a ter um alcance muito grande.