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Ficha completa do filme

Suspense

Menina Má.com (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 3

Não entendi o motivo de uma onda favorável que se criou a favor deste filme, extremamente desagradável, que mexe no pior tabu para os homens, o medo de ser castrado. Há uma seqüência difícil e quase insuportável para o público masculino, que certamente ditou seu fracasso comercial. Aliás, como sucedeu nos EUA.

Sem surpresas, porque esta é uma modesta produção independente feita em digital com poucos recursos, dirigido por David Slade (realizador de music videos) e escrito por Brian Nelson (redator de algumas séries de tevê). No que era certamente uma peça de teatro, com dois personagens básicos (há aqui pontinhas de mais três pessoas, a única substancial é a vizinha feita pela excelente Sandra Oh, de "Grey´s Anatom"y).

Acontece que o palco é muito menos realista do que o cinema, e lá se pode aceitar certas soluções e resoluções (como o final aqui), até alegóricas e simbólicas. Mas no cinema, tudo fica apenas inverossímil e absurdo.

Teoricamente o filme seria uma condenação ao pé da letra aos pedófilos. Acontece que há um problema: o homem, um fotógrafo de 32 anos (feito por Patrick Wilson, astro da Broadway e "Angels in America") se envolve pela Internet com uma menina de 14 anos. Que é extremamente esperta e inteligente (esse é o absurdo número 1: o personagem dela é inviável, ninguém daquela idade e situação teria tanta informação, lógica e raciocínio, mesmo sendo doente mental e aluna brilhante).

Só que, vejam bem, ele não está atacando uma criança pequena mas uma mulher feita. Há culturas e situações, onde mulheres se casavam com menos idade e tudo era normal. Mesmo hoje meninas já começam a fazer sexo antes disso, mesmo que consensual.

Ou seja, no máximo ele é um fã de "Lolita", de Nabokov, e para fazer sentido é preciso que se invente depois um crime maior para ele ser responsável e culpado. Enfim, fazendo-se passar por boba, a menina vai para a casa do sedutor (que tem um romance mal explicado no passado, aliás nada fica muito claro nem sobre ele, muito menos sobre a garotinha) e acaba virando a mesa, deixando-o amarrado e sobre sua mercê, enquanto ela realiza uma operação de castração de passar mal (dizem que até o ator desmaiou quando rodou a cena).

Outras coisas não fazem sentido, mesmo entendendo que o herói, ainda que seja sensível (pela profissão), não seja muito inteligente (ele tem chances de reagir ou fugir e não sabe aproveitar) e supondo que exista remorso (hoje em dia isso é discutível, quando drogas e amoralidade tiram qualquer culpa). O que leva a um final que existe apenas porque o roteirista quis.

Também não gosto da menina (escolhida entre 300 outras candidatas, mesmo tendo a cabeça raspada), uma certa Ellen Page, que faz tudo no mesmo tom, sem variantes (ela é uma veterana canadense que esteve até em "X-Men 3"). Embora seja realmente original (o título é gíria de Internet para garota menor de idade), inspirado em fatos reais acontecidos no Japão, o filme está longe de ser essa revelação.

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