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Ficha completa do filme

Drama

O Libertino (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 3

Logo no começo do filme, o herói John Wilmot, Conde de Rochester (1647-80), fala para o espectador: "Você não irá gostar de mim. Não gostará agora e vai ficar ainda pior ao final."

E tem toda razão. Este filme é tão desagradável, tão esquisito, que se chega a pensar que o notoriamente excêntrico Johnny Depp tenha querido realizá-lo justamente para sujar sua imagem, hoje de fofinho, que adquiriu com "Piratas do Caribe".

Mas tem outro fator importante: eles não conseguiram dinheiro para realizar essa cara produção de época e por causa disso recorreram ao velho recurso do gelo seco, da fumaça que agora encobre e disfarça tudo. Não por opção estética, mas econômica.

É inspirado em personagem real da Inglaterra do século XVII, que havia sido feita em Chicago com o famoso grupo Steppenwolf, estrelado por Malkovich e Martha Plimpton (Malkovich ficou aqui com o papel mais secundário do rei Carlos II, que faz de sua habitual forma sinistra). E que protege o libertino (embora seja mais lembrado por ter pedido que mulheres também representassem no palco, como Elizabeth Barry vivida por Samantha Morton).

Embora fosse um poeta de razoável qualidade e reputação, o texto de origem teatral se fixa no que ele tinha de pior, centrando-se na sua decadência e vida debochada que o levou a uma morte prematura aos 33 anos, vítima da sífilis e alcoolismo. As doenças venéreas roeram seu nariz e ele freqüentava o parlamento usando um nariz de prata. Ou seja, uma figura tão repulsiva (Roger Ebert fez uma piada boa, dizendo que não é o caso nem de gostar dele, a gente fica com medo de pegar alguma coisa dele), que nem Depp é capaz de regenerá-lo ou torná-lo palatável.

Mais obsessivo sexualmente que Casanova, o filme se fixa não nos primeiros anos onde teve alguma ação em feitos marítimos, mas na sua contínua decadência. Para meu gosto, nem Depp consegue torná-lo curioso ou interessante. Talvez pelo excesso de fumaceira. Indicado para 8 prêmios no British Independente Film Award, ganhou o de Coadjuvante para Rosamund Pike que interpreta Elizabeth Malet, ou seja a mulher do herói. Mas foi fracasso e universalmente desprezado. O diretor Dunmore é estreante.

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