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Ficha completa do filme

Musical

Os Produtores (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 04/07/2006
Nota 1

Não procurem desculpas, Os produtores é um musical assumido, sem vergonha de sua origem teatral, que pretende fazer rir e preservar um grande sucesso do palco. Curiosamente é inspirado num filme ("Aprenda a Perder Dinheiro" ou "Primavera para Hitler/ The Producers", de 68), que revelou Mel Brooks e lhe deu um Oscar de roteiro original. E até hoje deixa suas marcas nesta versão, no cabelo puxado para o lado de Nathan Lane (na verdade uma homenagem ao criador do papel Zero Mostel) e na histeria sem controle, uma marca do estilo de humor de Gene Wilder.
Mas é Mel Brooks o verdadeiro autor e criador oculto do musical, tanto da idéia e dos diálogos como também das canções e da produtora que fez o filme (a ironia é a seguinte: este é um filme baseado numa peça que foi baseada num filme sobre uma peça). Que Brooks preferiu não dirigir, até por estar em stress pessoal (sua mulher da vida toda, Anne Bancroft havia falecido recentemente). E apenas dublou as vozes de um gato e de um figurante que diz ("Don´t be stupid, be a smartie..."). Quem realizou o filme foi a coreógrafa que também o dirigiu na Broadway, a estreante Susan Stroman, certamente sem intenção de abri-lo demais, raramente se vai para a rua e as únicas seqüências que foram realmente rodadas em Manhattan são a das velhas e quando Bloom aceita participar do esquema e ambos dançam no chafariz, ambas no Central Park. Fora disso tudo é estúdio, na verdade, um que estava sendo inaugurado com este filme, o Steiner Studios , no Brooklyn.
Fica claro que a preocupação maior é não mexer demais no sucesso para não estragá-lo. Assim o elenco é basicamente o original (com Uma Thurman substituindo a prevista Nicole Kidman como a secretaria sueca e Will Ferrell fazendo o nazista). Mas no tempo certo de construir a piada no cinema, moderando (um pouco) a histeria, cortando algumas canções (a inicial em que Max lamentava sua sorte) e acrescentando algumas novas (duas nos letreiros finais, uma para ser indicada ao Oscar). Porém o que está na tela é basicamente o que está ainda no palco (vi o show duas vezes, uma na Broadway, ainda com Nathan e outra na Argentina com dois ótimos comediantes locais, ambas contagiantes e muito prazerosas). Assim dá para notar alguma elipse, um ou outro detalhe criado e aperfeiçoado para o filme (por exemplo, o longo assovio com que Roger Bart, como assistente/namorado do diretor recebe os convidados a porta).
Só que ser fiel é ao mesmo tempo a maior qualidade e maior defeito do filme. Confesso que fiquei assustado com a abertura, igual à do palco, quando se registra a reação do publico à estréia do novo show de Max Byalistock (soa falso, mal dublado e teatral no pior sentido). Felizmente o filme se recupera graças à presença estrelar e magnífica de Nathan Lane, que está do tamanho certo para o cinema. Ele é muito engraçado e uma indicação ao Oscar não seria demais (só foi indicado ao Globo de Ouro). O mesmo já não se pode dizer de Mathew Broderick que está envelhecendo mal, inchado e careteiro (talvez porque não se sinta muito à vontade cantando com sua voz pequena). Está ficando distante o tempo de Ferris Bueller e isso choca um pouco. Por outro lado, Will Ferrell tira o máximo do personagem. Para os conhecedores o filme tem ainda pontinhas de estrelas da Broadway (Debra Monk e Andréa Martin com duas das velhinhas, o inglês John Barrowman como o tenor do numero "Primavera para Hitler"). Não vou dizer que é preciso gostar de musical para gostar do filme. Mas certamente ajuda muito.

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