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Ficha completa do filme

Drama

Palavras de Amor (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 06/06/2006
Nota 1

A gente vive se queixando de que hoje em dia só fazem filmes comerciais endereçados para adolescentes. Mas de repente surgem fitas como "Palavras de Amor", que de comercial não tem nada. É um filme de arte, muito especial, muito particular, que pode atingir o publico mais intelectualizado.

Foi realizado por uma dupla de diretores, que fizeram "Até o Fim" (com Tilda Swinton) e antes disso o esquisito "Suture". Eles tem um estilo muito elegante, com uma edição muito sutil, fluida. E aqui utilizam uns poucos efeitos digitais (dando vida as letras do abecedário, a um pássaro de origami) com bonito efeito. Aparentemente o tema do filme é muito americano e não faz sentido aqui, o concurso de soletrar (spelling), muito popular por lá (por alguma razão, soletrar é um problema difícil para eles, o que não sucede no Brasil e com nossa língua). Existem concursos em todas as escolas e o mais famoso chama-se "Bee" (Abelha).

Ele deu origem a um musical atual da Broadway e antes disso a um ótimo documentário ("Spellbound") que nunca passou por aqui comercialmente. Mas retratava durante um ano todo, uma série de concorrentes de lugares, origens e raças diferentes, todos torcendo para o concorrente se dar bem no concurso e virar celebridade. Aqui, é mais ou menos o que sucede com a heroína, a menina Flora Cross, que interpreta Eliza, garota de uma família judia que é muito mais complicada do que pode parecer, embora nunca se dêem explicações muito claras (não que seja necessário, mas o expectador comum gosta).

Parece que o problema é do bem intencionado pai de família, um professor universitário especializado em línguas e principalmente em Cabala (ou seja, o misticismo, a relação das palavras com Deus, tema subjacente da fita). O papel é feito por Richard Gere, de cuja devoção de seu fã clube brasileiro ele vai precisar. Não é um vilão, mas toda a família o culpa por ser absorvido demais no trabalho e forçar os filhos a serem bem sucedidos. O mais velho (feito pelo talentoso Max Minghella, filho do diretor Anthony) procura uma resposta mística e acaba se envolvendo com hare krishnas (a loirinha Kate Bosworth faz a isca).

Enquanto Gere experimenta com a filha, que vai ganhando as provas até chegar a final, a esposa francesa e originalmente católica começa a pirar abertamente (ela sempre escondeu seu comportamento estranho, como diz, em busca da luz). Temo estar revelando demais da história, já que tudo é meio mostrado aos poucos. Mas o filme é bastante misterioso e complexo (e não tem um final muito satisfatório). Ele comporta debates e análises mais profundas. Obviamente não é uma diversão ligeira.

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