12 Horas até o Amanhecer (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006

Nota 1

Não passou em nossos cinemas, nem foi lançado nas salas americanas, esta produção americana rodada em São Paulo com bom elenco e um diretor ambicioso (Eric Eason havia sido premiado com sua fita anterior de estréia, o inédito aqui "Manito", 2002). É muito curioso que ele tenha decidido rodar aqui em locações, uma história visivelmente influenciada pela estética do cinema brasileiro, não apenas "Cidade de Deus" mas também fitas como "Amarelo Manga".

De forma estilizada e toda noturna, ele mostra o lado feio de São Paulo (embora com algumas vistas aéreas e planos do Minhocão já usados em "O Beijo da Mulher Aranha" e "Terra Estrangeira" pudesse ser qualquer lugar do mundo). A trama é trágica e termina com grande parte do elenco morta. Felizmente todos estão bem, mesmo os que mudam de tipo, como Fraser que costuma fazer comédia, mas dá certo como o filho rancoroso que namora a mulher do pai (a bela e muito convincente colombiana Catalina, de "Maria Cheia de Graça") mas quer ficar com todo o dinheiro para si. Matheus tem o papel ingrato e mal desenvolvido do travesti que primeiro está transando com um negão que morre e depois entra em conflito com Fraser.

Outra boa presença no elenco é Mos Def, um ótimo ator mesmo fazendo um nigeriano que vai negociar a droga em Santos e é ajudado por Alice Braga (sobrinha de Sonia e que agora filma em Hollywood). Os brasileiros coadjuvantes também funcionam (de vez em quando os americanos dizem certas palavras em português). Na verdade, o filme ficou num meio termo entre ação e filme de arte, prejudicado pela história melodramática. A fotografia é do alemão radicado no Brasil Ulrich Burtin ("Hans Staden", "Lisbela", "Tapete Vermelho") e a música do tcheco Elia Cmiral (por que não um brasileiro? Teria dado mais clima local). O ambiente sórdido certamente é um obstáculo comercial mas o filme merece ser checado.