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Ficha completa do filme

Drama

A Dama na Água (2006)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 06/02/2007
Nota 3

Havia algum tempo o diretor M. Night Shyamalan estava brincando com a sorte, arriscando-se em filmes cada vez menos eficazes e, com isso, perdendo seu público.

Ele acertou em cheio com "O Sexto Sentido" (99), que lhe deu indicação ao Oscar e virou clássico. Depois fez o razoável "Corpo Fechado" (2000), o ridículo "Sinais" (2002) e o polêmico "A Vila" (2004), com o qual a maior parte do público se sentiu enganada por causa do final surpresa. Foi quando o diretor resolveu mudar de tom e realizar um conto de fadas, inspirado numa história que teria inventado para seus filhos pequenos. Só que o estúdio Disney não gostou. Ele se sentiu ofendido e se mudou para a Warner.

O problema é que os executivos da Disney estavam certos. Shyamalan deveria ter ouvido seus conselhos: 1) Não colocar como uma das figuras principais um crítico de cinema pretensioso e antipático, que é a única que tem final trágico. Seria uma provocação com os críticos que iriam assistir ao filme. 2) Desistir de fazer, ele mesmo, um dos papéis principais, o de um escritor que ainda virá a ser mundialmente famoso. Os executivos achavam que ele não era suficientemente bom ator para segurar um personagem desses. 3) A trama é confusa e precisava ser melhor esclarecida. 4) Enxugar o excesso de personagens, poucos deles bem utilizados. 5) Considerar um final surpresa, como o dos filmes anteriores.

E ainda existem outros problemas. Um dos mais graves é que na Warner Shyamalan não deve ter conseguido um orçamento muito grande, porque as figuras de fantasia são muito mal concebidas e mal realizadas. O filme todo é escuro, com direção de arte discutível e efeitos especiais muito fracos.

Para completar, parece uma besteira a história de um zelador de prédio (Paul Giamatti) com problemas no passado que descobre que há uma ninfa no fundo da piscina do lugar, vivendo com objetos que ela recolheu de forma nada convincente. Essa ninfa chamada Story é vivida por Bryce Dallas Howard (a mesma de "A Vila") e está sendo ameaçada por um monstro que tenta matá-la. Tudo é mal explicado, já que não se sabe para que serve a ninfa, a não ser adivinhar algumas coisas do futuro. A mitologia narrada por uma condômina coreana inclui uma águia que deve salvá-la com a participação de um monte de gente, numa espécie de coletivo da boa vontade.

É apenas um filme malfeito e tecnicamente precário, um conto de fadas que não dá certo. Posando de gênio incompreendido, Shyamalan hoje parece ser mais um vigarista.

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