Armações do Amor (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 15/08/2006

Nota 1

Um rapaz de 35 anos (Matthew McConaughey) ainda mora com os pais e usa isso para cortar os compromissos com as mulheres (elas se assustam e fogem), como se o fato fosse uma aberração), e não uma alternativa _não se explica aonde ele vai quando quer transar.

A proposta do filme era tão evidentemente errada para o público americano que o roteiro não enfoca o herói, mas seus amigos. Ou seja, vira uma espécie de coro grego, incluindo a amiga da heroína (Zooey Deschanel, filha do diretor e fotógrafo Caleb Deschanel e que tem um charme especial como demonstrou em "Guia do Mochileiro das Galáxias") e os dois melhores amigos de Matthew.

Isso é uma grande sacada que acaba salvando o filme e o torna até bem divertido, além de torná-lo mais atraente ao público masculino, que geralmente esnoba as comédias românticas. Matthew faz um vendedor de barcos que não quer compromissos, um personagem presunçoso e "cheio de si mesmo".

Junto com os amigos, ele se dedica a esportes radicais (e invariavelmente acaba mordido por algum bicho, uma piada recorrente que ajuda a salvar o filme). Enquanto isso, seus pais contratam uma mulher (Sarah Jessica Parker, da série "Sex and the City", que tenta confirmar seu papel de estrela também no cinema) especialista em convencer os filhos a saírem da casa da família, uma profissão inexistente, como a de Will Smith em "Hitch - Conselheiro Amoroso".

Ou seja, a confusão é provocada quando os dois realmente se envolvem, mas ela é contratada profissionalmente pelos pais dele. O filme começa convencional (e difícil de acreditar), mas melhora muito quando começa a desenvolver as tramas paralelas, principalmente a da dupla de amigos, a companheira de quarto, Zoeey e o nerd que gosta dela, interpretado por Justin Bartha ("A Lenda do Tesouro Perdido").

A garota tem problemas como um "mockingbird", um pássaro que a importuna _a melhor cena é quando tentam ressuscitá-lo com primeiros socorros e respiração boca a boca. Ou seja, quando o filme vira farsa e foge da comédia romântica, os melhores resultados aparecem.