UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Drama

Dreamgirls - Em Busca de um Sonho (2006)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 26/06/2007
Nota 1

"Dreamgirls" estava pintando como o possível ganhador do Oscar de melhor filme, mas decepcionou na bilheteria. Não foi lembrado nas categorias principais (diretor e filme), apesar de ter recebido um recorde de indicações: direção de arte, figurinos, três canções - "Patience", "Love You I Do", "Listen" -, mixagem (que levou) e ator e atriz coadjuvantes. Isso demonstra que ainda há preconceito contra o gênero musical e que muita gente da Academia se arrepende de ter, quatro anos atrás, consagrado "Chicago", do qual foi roteirista o diretor de "Dreamgirls", Bill Condon.

A verdade, porém, é que este é inferior a "Chicago", simplesmente porque o diretor Rob Marshall era mais criativo e talentoso e tinha um conceito mais claro do próprio filme. Mesmo assim, "Dreamgirls" levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante para a estreante Jennifer Hudson, uma jovem que chegou a finalista do programa "American Idol", mas foi eliminada antes do término da competição. Ela fez teste e acabou sendo escolhida para o personagem mais marcante do roteiro, a cantora que, por ser gorda e temperamental, é dispensada do grupo. A cena em que se recusa a ir embora cantando "And I´m Telling You I´m Not Going" era o ponto alto do show da Broadway, no qual brilhava a muito semelhante Jennifer Holiday. É um show-stopper, um daqueles momentos em que a peça é interrompida com os aplausos, o que aconteceu também em algumas salas de cinema. Além disso, como atriz, Jennifer tem um jeito ingênuo e sincero, que comove e convence. Em resumo, nasce uma estrela.

No caso de Eddie Murphy, foi a primeira vez que ele foi indicado para alguma coisa depois de 25 anos de carreira, mas perdeu o prêmio de melhor ator coadjuvante. Ele faz um personagem inspirado em James Brown, não tão brilhantemente quanto se diz.

"Dreamgirls" era um show da Broadway criado por Michael Bennett, o mesmo de "A Chorus Line", que morreu em 1987. O produtor David Geffen, seu amigo, sempre relutou em ceder os direitos para o cinema até ser convencido por Condon. A história dá uma visão não muito disfarçada da carreira do grupo de cantoras The Supremes e também da ascensão do produtor Berry Gordy, criador da gravadora Motown. Assim, o ator Jamie Foxx faz uma versão de Gordy, Beyoncé faz Diana Ross e Jennifer Hudson faz Florence Ballard, que foi dispensada do conjunto e morreu prematuramente.

Como bom musical, o filme muda bastante as coisas, mas mantém o assunto principal, que é a história de como a música negra chega ao público branco. Condon (que dirigiu o belo "Deuses e Monstros") tenta deixar a maior parte dos números musicais num palco ou perto dele. Mas nem sempre, e isso acaba provocando reação negativa de parte da platéia, que se irrita quando alguém, no meio de um diálogo, abre a boca para cantar. Também não ajuda o fato de Jamie Foxx, depois de uma atuação brilhante em "Ray", ter virado um canastrão, cuja presença opaca prejudica o filme, já que ele é a figura central. Beyoncé, bonita e discreta, sai-se bem melhor, ainda que num papel ingrato.

"Dreamgirls" não é para todo público. Há os que vão curtir, se envolver e sair cantando as canções. E há os que podem se irritar.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo