Longe Dela (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 02/09/2008

Nota 4

Sarah Polley é uma das mais talentosas e extraordinárias atrizes do Canadá, conforme já demonstrou em fitas como "A Vida Secreta das Palavras", "Minha Vida Sem Mim", "Vamos Nessa!" e "O Doce Amanhã". Para sua estréia como diretora ela pensou em fazer uma historia sobre uma atriz de 12 anos que trabalha numa série de TV, mas não conseguiu financiamento. Resolveu então adaptar um de seus contos favoritos, "The Bear Came Over the Mountain", de Alice Munro, especialmente para Julie Christie, que vivia quase uma aposentadoria, mas que acabou aceitando o projeto.

Christie fez bem, porque o filme lhe deu uma sucessão de prêmios, exceto o Oscar, porque foi atropelada pela sensacional Marion Cottillard em "Piaf". Mas é certamente o melhor momento recente de Julie, que tinha quando jovem uma presença radiosa que não perdeu, de volta numa fita extremamente delicada, doce, romântica no melhor sentido da palavra.

Não é, por isso, um filme fácil de assistir. É penoso por causa do assunto: a historia de um casal que enfrenta as dificuldades quando a esposa é internada num retiro de idosos porque esta sofrendo das conseqüências do Alzheimer.

Gordon Pinsent faz o marido que gosta muito da esposa mas acaba aceitando a decisão dela de ficar internada. Visita-a regularmente, com fidelidade. O problema é que ela, com o passar do tempo, reencontra no lugar um ex-namorado e se confunde, acha que este que é seu marido e retoma um romance que na sua cabeça nunca acabou. Esquece-se do marido, que aceita apenas como um visitante e admirador. Passivo, ele tem que assistir a todo o drama sem poder reagir.

Ou seja, não é apenas a historia de alguém que perde a razão, mas de uma verdadeira prova de amor. Tudo contado de forma muito sensível, mesmo que aprofundada. Trata-se de um filme extremamente tocante. Mesmo que, por sua temática, não vá ter um publico muito grande. É um poema.