UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Policial,Ação

Miami Vice (2006)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 3

É muito curioso que o diretor desta versão para o cinema da famosa série de tevê seja justamente um de seus criadores, Michael Mann. Isso torna ainda mais difícil desculpar este fracasso absoluto, que erra não apenas fugindo totalmente do original (qualquer semelhança se limita ao nome dos personagens e a localização em Miami, que por sinal mal é vista a não ser de helicóptero ou de barco, sempre à distância).

Dá a impressão de que Mann estava mais interessado em prosseguir nas experiências que começou com o filme anterior, "Colateral", rodando em digital (que resulta numa imagem granulada) e 16 milímetros, ou seja, forma em vez de conteúdo. Chega ao cúmulo de não revelar praticamente nada sobre os protagonistas, de que não ficamos sabendo nem onde moram (como é o caso de Colin, ou seja, detetive James Sonny Crockett, será que mora num barco, como na série?).

Sem protagonistas identificáveis, o filme é uma sucessão de besteiras. Desde começar com uma ação que não leva a lugar nenhum (já entra sem plano de localização dentro de uma boa boate, onde estão investigando tráfico de escravas brancas, o que é logo depois abandonado e nem sequer se menciona o assunto depois).

Entra a situação de um colega suicida (porque perdeu a mulher que amava, morta pelos bandidos) e uma missão de serviço secreto, ou seja, devem se passar por traficantes para chegarem perto do verdadeiro chefão das drogas, Arcangel (Luis Tosar).

Ou seja, é uma trama que já era velha nos anos 30, quando os filmes de gângster da Warner já usavam essa mesma história, inclusive com suas tolas reviravoltas: um dos heróis se envolve (e aparentemente de verdade) com a namorada executiva do chefão, que é feita em inglês claudicante pela chinesa Gong Li (que apesar de tudo, é a melhor coisa do filme).

Já sabem no que isso vai dar, claro. O outro comete o erro mais infantil de todos, colocando a namorada na trama, de forma que obviamente ela será seqüestrada e submetida à violências (para isso que servem namoradas de detetives no cinema). Mas não basta isso, o filme tem pouca ação, praticamente só no final. E é longo demais.

Com tanto defeito, é fácil sentir saudade da série de tevê de 1984-89, que ao menos tinha certo estilo, e que lançou moda que perdurou por muito tempo (blazer esportivo sem gravata, camisa aberta, cores pastéis, sapato esportivo sem meia).

Não se pode falar em atores (Foxx precisa mudar de agente rápido, porque só fez besteira depois do Oscar, Farrell de bigode a anos 70, está com a voz rouca arruinada pela droga), nem personagens. Sobra apenas câmera na mão, chicoteando sem sentido, num dos grandes fracassos do ano (custou 135 milhões e não rendeu mais de 60).

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo