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Ficha completa do filme

Drama

O Céu de Suely (2006)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 27/03/2007
Nota 3

Exageradamente consagrado por prêmios em festivais e pela crítica, este novo filme do diretor de "Madame Satã" não é tudo isso. A narrativa é fria e distanciada, mais parecendo um filme do Leste Europeu do que uma história passada no Nordeste brasileiro. É um enredo muito simples de uma garota nordestina que vivia em São Paulo mas retorna com seu bebê para Iguatu, sua cidade no interior do Ceará, na esperança de que o companheiro/namorado venha atrás dela. Isso acaba não acontecendo. Vivendo com a avó e uma tia, ela retoma um caso antigo e, na falta de dinheiro e de perspectivas, resolve fazer uma rifa de si própria, prometendo, com o nome de guerra de Suely, "uma noite no paraíso" -- o que causa certo escândalo.

Na verdade, nada se pode dizer direito do lugar porque o filme é daqueles que nunca mostram direito a cidade onde se passa. Quase nada se conhece dela, a não ser um posto de gasolina e uma discoteca. Não sabemos como são as pessoas e a única reação que vemos é de uma mulher ciumenta tomando satisfações da heroína por causa da rifa. Hermila/Suely não retruca, porque nunca consegue se articular. Além disso, talvez porque em novelas haja diálogos em excesso, aqui acontece o contrário. Só se diz o trivial, "o bom dia", "boa tarde", "como vai..." Na hora de explicar, nada rola. Então não se pode falar em psicologia de personagens, ou mesmo conflitos. Mesmo quando a avó confronta a moça, ela não responde. Por fim, a idéia da rifa não é nova. No fim dos anos 60, no filme em episódios italiano "Bocaccio 70", Vittorio De Sica já contava essa história com Sophia Loren.

É verdade que "O Céu de Suely" tem qualidades. Felizmente, em geral os cineastas brasileiros já sabem dirigir atores, mesmo quando desconhecidos, como aqui. A protagonista Hermila Guedes é natural, espontânea, assim como os demais integrantes do elenco. Todos cumprem bem seu papel. A narrativa é enxuta e tem um final ambíguo e misterioso.

É positivo que o cinema volte os olhos para gente comum e problemas humanos. Mas o filme não me emociona. Assisti até com certa admiração mas sem conseguir conhecer mais de Suely/Hermila ou da própria situação.

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