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Ficha completa do filme

Policial

O Troco (2006)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 2
O Troco

Policial B feio (prejudicado pela tela cheia que deforma tudo) com semi-celebridades que envelheceram e perderam a fama (mas cujos nomes ainda significam alguma coisa na prateleira de locadora).

O herói é o quase irreconhecível galã de "Lagoa Azul" (Atkins) e sua mulher é feita pela ainda bela Angie. Mas o filme é básico e difícil de tolerar.

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 3

Grosseiro, muito violento, vulgar, bem humorado, este filme de Mel Gibson é uma mistura irregular de ação policial com excesso de sangue e violência. Embora tenha feito razoável carreira nos EUA (por volta de 80 milhões de dólares), não dá para tirar a má impressão.

Mel que produziu a fita pela sua firma Icon não gostou do resultado e mandou refazer grande parte da fita. Quem havia dirigido era um estreante, Brian Helgeland, o mesmo que se revelou como roteirista em "Los Angeles, Cidade Proibida". Com certeza é culpa do astro, o filme ter se tornado mais amoral, mais cômico, exagerado em tudo (e por isso mesmo ainda verossímil). Para quem tem boa memória e se lembrar de "A Queima Roupa" (Point Black, 1968), de John Boorman, com Lee Marvin e Angie Dickinson, isso ainda é mais grave. A fita é uma refilmagem. Melhor dizendo, reaproveita o mesmo argumento original mas aquele filme era uma obra prima de estilização e clima (acontece que no filme de Boorman o protagonista poderia já ter morrido e tudo aquilo ser uma espécie de pesadelo). A trama básica ficou e foi aproveitada sem crédito inúmeras vezes.

Um assassino profissional chamado Porter (carregador) é traído por sua mulher e seu parceiro quando aplicam um golpe num assalto a chineses. Deixado como morto, consegue escapar e voltar em busca da vingança, querendo os setenta mil dólares que lhe devem (os gângsters acham isso muito pouco e a piada maior do filme é sempre o erro que cometem dizendo que o dinheiro deveria ser mais). Mas a mulher traidora logo morre de overdose de drogas (não por culpa dele) e isso o leva numa tortuosa procura dos responsáveis.

O ex-amigo agora trabalha num sindicato do crime (que absurdamente vive num mesmo prédio hotel) que explora a cidade e além de tudo se revela um sado-masoquista (o que é tratado com humor) e para ajudá-lo o herói conta com a ajuda de uma prostituta de luxo (uma tal Maria Bello que não agrada).

Não há dúvida que o filme tem certo humor que funciona por mais sanguinolento que seja. Nos bons tempos um herói que merecia esse nome, não podia se dar ao luxo de dar tiros nas fuças do outro, vencia pela inteligência e não pela força bruta. Aqui ele tem lapsos inexplicáveis (vai ao encontro do bandido sem qualquer preparação caindo obviamente numa armadilha dos chineses que depois é interrompida de forma ainda mais tola pela chegada de dois policiais). E escolheu mal o figurinista (só pode ser culpa dele que Mel pela primeira vez deixa perceber que é baixinho de pernas curtas).

O filme acaba tendo lances divertidos (mas em várias cenas eu tive que virar o rosto para não assistir certos momentos, por exemplo, Gibson tendo os dedos esmagados por um martelo, coisa que depois ele não demonstra ser um problema porque até carro dirige, na vida certamente desmaiaria, no mínimo).

Tem momentos com pretensão a "film-noir" (o narrador em voz off elucubrando sobre a vida e o destino, sempre com certo humor e poesia) mas com certeza qualquer aprofundamento psicológico foi destruído na edição final (prevista para junho do ano passado o filme foi adiado para fim de fevereiro por causa do atraso).

Nos tempos que correm em que a violência é terrível fato, que se espalha com gravidade , não devemos admitir uma fita como essa. No mínimo irresponsável.

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