Os Infiltrados (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 06/03/2007

Nota 4

É o melhor filme do diretor Martin Scorsese nos últimos anos e também seu maior sucesso de bilheteria em todos os tempos. Deu-lhe finalmente o tão esperado Oscar de direção, em parte por causa do excepcional elenco que ele conseguiu reunir e do roteiro brilhante de William Monahan, que é natural de Boston, onde se situa a ação. Monahan e a montadora Thelma Schoonmaker também ganharam o Oscar.

O filme se inspira num bom policial de Hong Kong, "Internal Affairs", que chegou a sair em DVD no Brasil e teve duas continuações igualmente boas. Mas não há no original, por exemplo, o personagem de Jack Nicholson; assim passa a ser quase a situação básica que serve de inspiração para o roteiro.

Antes de qualquer coisa, este é um dos raros filmes em que todos os personagens são convincentes, os atores estão todos ótimos e o final não apenas surpreende mas faz sentido. Leonardo DiCaprio faz o papel de Billy Costigan, que entra para a polícia e acaba aceitando uma missão difícil e muito especial: tem de se infiltrar na quadrilha do maior gângster da região, Frank Costello (Nicholson), sem despertar suspeitas. E com apenas uma pessoa sabendo da verdade, o chefe da polícia (Martin Sheen).

Por outro lado, o que eles não sabem é que a situação se repete do lado dos bandidos. Colocaram dentro da polícia um capanga que agora lhes fornece, por celular, informações que evitam prisões e apreensões de carregamentos de drogas. O traidor é Colin Sullivan (Matt Damon), um sujeito inteligente e sem escrúpulos, criado nas ruas e na malandragem. O filme consegue desenvolver em duas horas e meia (que não se fazem sentir), as razões e motivações dos personagens, a solidão de DiCaprio, a exibição de sinais de riqueza de Damon e a mulher que fica entre os dois -- uma situação clichê, mas atenuada porque a atriz escolhida por Scorsese, Vera Farmiga, é muito talentosa.

Naturalmente Nicholson dá seu show particular. O personagem permite isso e é muito provável que várias frases e momentos do filme se tornem clássicos. O filme foi ainda indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Mark Wahlberg).