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Ficha completa do filme

Drama

Aritmética Emocional (2007)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 18/06/2010
Nota 3
Aritmética Emocional

A Califórnia dá uma tremenda bola fora ao lançar "Aritmética Emocional", que foi rodado em scope (formato que ocupa toda a tela retangular dos cinemas), no famigerado e indigesto "tela cheia". Dessa forma, perdemos as laterais do quadro de uma maneira que prejudica a fruição do filme. Em se tratando de uma obra que traz atuações de Susan Sarandon, Max Von Sydow, Christopher Plummer e Gabriel Byrne, podemos ter uma ideia do prejuízo que essa decisão acarreta para o espectador.

O filme também não ajuda. O diretor não entendeu que movimentos de câmera devem ser funcionais, não motivados por puro exibicionismo; que quando a câmera balança somente para mostrar que... está na mão... fica vulgar e irritante; e que um tema forte como a sobrevivência ao Holocausto deve ter ingredientes aplicados em doses parcimoniosas para não cair na chantagem emocional (como nos flashbacks didáticos e completamente equivocados, tanto em intensidade quanto no tratamento plástico e esfumaçado do preto e branco).

Acompanhamos o reencontro de três sobreviventes de um campo de concentração, os personagens de Byrne, Sydow e Sarandon, na casa desta última, onde vive com seu marido (Plummer) e o filho do casal (Roy Dupuis) e o neto (Dakota Goyo). As inevitáveis lembranças da época emergem com força, num necessário e sofrido expurgo do passado.

''Aritmética Emocional'', baseado em livro homônimo de Matt Cohen, é meloso demais para ser levado a sério e artificial demais para de fato emocionar. Dessa duas afirmações contraditórias só na aparência resulta um filme inflado, destacando-se apenas a presença dos atores, ainda que estejam trabalhando, predominantemente, em piloto automático.

O diretor Paolo Barzman é filho de roteiristas que entraram na lista negra, nos tempos nefastos do macarthismo. Cresceu na França, e voltou aos EUA somente nos anos 1970. O tema do Holocausto, então, reflete sua experiência pessoal, com os pais perseguidos, mas falha em captar a natureza humana em sua essência, responsável pelo crime terrível contra a humanidade.

É diretor, sobretudo, de episódios para séries da TV norte-americana. Deve se concentrar nesse trabalho no futuro, e deixar o cinema, tão massacrado por inúmeros bem-intencionados desprovidos de talento, para quem entende.

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