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Ficha completa do filme

Comédia Dramática

De Volta para a Escola (2007)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 28/01/2011
Nota 1
De Volta para a Escola

A má fama precede alguns filmes. É o caso de "De Volta para a Escola" ("The Marc Pease Experience"). As filmagens ocorreram no início de 2007 e, depois de ver todo o material, o diretor Todd Louiso concluiu que precisava voltar às locações para fazer ou refazer algumas cenas. Foi quando começou a greve dos roteiristas, que praticamente paralisou a indústria cinematográfica americana. A filmagem só pôde ser retomada seis meses depois, e então a crise econômica já tinha estourado.

Quando o filme ficou pronto para ser lançado, os estúdios Paramount estavam em pleno processo de reestruturação financeira e não viram nele nenhuma esperança de lucro. Foi então lançado rapidamente em apenas algumas cidades, entre as quais não se incluíam as grandes praças, Nova York e Los Angeles. As críticas caíram matando, a maioria ressaltando sua inferioridade em relação a um filme muito semelhante, "Três É Demais" ("Rushmore", 1998), segundo longa-metragem de Wes Anderson e igualmente estrelado por Jason Schwartzman.

No resto do mundo, "The Marc Pease Experience" tem saído apenas em DVD. No Brasil, recebeu um título enganoso (para não dizer enganador) de comédia adolescente, escrito na capa com um constrangedor erro de português: "De volta para à (sic) escola". Parece que só falta espalharem que o filme dá azar.

Mas não é para tanto. De fato, o tom lembra o dos filmes de Wes Anderson, com seus personagens perplexos, sentimentais e deslocados vivendo situações banais como se fossem acontecimentos extraordinários. O filme é desajeitado também, e um espectador com pouca paciência logo vai se perguntar o que ele tem a ver com um universo tão desimportante quanto o retratado: o incrível mundo dos musicais amadores.

Pois é nesse âmbito algo patético que se desenrola o drama de Marc Pease (Schwartzan). Na fatídica noite em que se apresentaria como o Homem de Lata na montagem de "The Wiz" (o musical baseado em "O Mágico de Oz"), durante as comemorações de formatura de sua turma de escola, ele sofre um ataque de pânico. O diretor da peça, Jon Gribble (Ben Stiller), para convencê-lo a entrar no palco, lhe diz que ele "cria o padrão a ser superado pelos outros atores". Pease acredita que isso é um grande elogio, mas mesmo assim tem um surto e sai correndo.

Anos depois, ele ainda tenta emplacar o grupo vocal Meridien 8 (que já não tem oito, mas quatro integrantes), trabalha como motorista de limusine e namora uma garota adolescente (Anna Kendrick) que está se formando no segundo grau na mesma escola em que ele estudou. Ela faz parte do coro de uma nova montagem de "The Wiz" dirigida pelo mesmo Gribble. Pease, que ainda usa o rabo de cavalo dos tempos de estudante, vai ter com Gribble para reivindicar apoio ao talento que ele acredita ter sido apontado pelo diretor.

Só não sai disso tudo uma comédia muito cruel porque o diretor Todd Louiso adota um tom afetuoso. Ele também é ator e, um pouco como Pease, tem uma carreira pouco fulgurante ? seu papel mais conhecido foi o do atendente tímido da loja de discos em "Alta Fidelidade", mais de dez anos atrás. Louiso lança sobre a história um olhar bem "interno" e algo complacente, tanto que parece supor que o espectador vai gostar muito de ver cenas e mais cenas de "The Wiz" e que não se aborrecerá com os longos diálogos entre os esperançosos e exaustos membros do Meridien 8.

Os atores, no entanto, embarcam totalmente no clima e estão muito bem. Ben Stiller, como o vaidosíssimo gênio de subúrbio, faz maravilhas apenas com as pausas entre as frases, e Schwartzman encarna como ninguém, mais uma vez, o papel de criança perdida num corpo de adulto.

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