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Ficha completa do filme

Drama

Meu Nome Não é Johnny (2007)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 08/07/2008
Nota 1

Ajudado pela boa vontade criada por "Tropa de Elite", este filme nacional fez boa carreira comercial, graças também a presença de Selton Mello, um dos grandes astros atuais do nosso cinema. Ele é o mais carismático, mais empático e querido pelo publico. Não decepciona mesmo diante de um personagem que não é aprofundado, nem tem maiores chance de se explicar.

Baseado em fatos reais e livro de sucesso, o filme conta a historia de João Guilherme Estrela que, nos anos noventa no Rio de Janeiro, se tornou um bem sucedido traficante de drogas. Ganhou e gastou muito dinheiro. Chegou a traficar no exterior, mas tudo que ganhou, consumiu lá mesmo na Europa. Ou seja, nunca se organizou, nem criou um império de violência. Por tudo isso é um traficante peculiar bem brasileiro, ao contrário dos outros famosos traficantes do cinema, como Denzel Washington em "O Gângster" ou o notório Scarface, de Al Pacino.

Só mesmo Selton é capaz de dar vida a essa figura, já que o roteiro não adota a solução mais óbvia, que seria ele mesmo contando a história, fosse em "off" ou falando para a câmera. Assim nunca ficamos sabendo exatamente quem ele é, o que pensa profundamente. Há um único momento em que o personagem se abre, despe-se das piadinhas, é quando depõe no julgamento - e mesmo aí poderia estar mentindo.

Há certa polêmica sobre a lição de vida que o filme traz. Para uns é moralista por mostrar que ele paga pelos seus crimes. Para outros é amoral, já que apresenta seus momentos de desfrutar do dinheiro sujo e gozar a vida e não desenvolve dramaticamente os laços, nem com os amigos nem com a família, que ficam como pano de fundo.

O que mais me choca, a princípio, é a estética do filme. Todos os planos são fechados, próximos demais, sem a menor preocupação de colocar em cena o cenário do Rio de Janeiro ou a época. É um filme plasticamente feio, que usa mal a música e poderia ter uma câmera mais nervosa e atuante e uma montagem mais criativa. Tem também uma direção de atores extremamente irregular, que não consegue tirar a artificialidade de Cléo Pires e erra em muitos coadjuvantes, e só funciona ocasionalmente como com a divertida ponta de Eva Todor.

É esquisito ainda que o filme tome desvios, fugindo um pouco do assunto, se tornando um filme policial diferente. E depois vira fita de prisão, mais bem resolvido já que a palavra fica com um grupo muito competente de atores pouco conhecidos. Mais estranho ainda é que com tantas deficiências, o filme resulte até bem.

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