Romance

Chega de Saudade (2008)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 17/09/2008

Nota 1

MAIS

Depois do sucesso de "O Bicho de Sete Cabeças", de 2001, Laís Bodanzky, filha do fotógrafo e diretor Jorge Bodanzky, retorna com o mesmo roteirista, seu marido Luiz Bolognesi, num filme com um registro completamente diferente. O filme, que tem unidade de tempo e espaço, se passa numa única noite estritamente no salão de danças.

Também são creditados como colaboradores do roteiro Roberto Gervitz, Adriana Falcão, Nando Bolognesi, Bráulio Mantovani, Sergio Penna, Silvana Matteusi, os pesquisadores Ricardo Kauffman e Daniela Smith e ainda Chris Riera. Foi premiado como melhor roteiro, direção e escolha do público no Festival de Brasília.

Maria Flor é uma garota que chegou com o namorado, vivido por Paulinho Vilhena, que cuida do som. A moça provoca ciúmes quando é cortejada por um senhor (Nercessian). Mas o filme não conta muitas histórias. Não segue as lições do neo-realismo que teria desenvolvido melhor os conflitos e dramas. Limita-se a apontar as figuras presentes, quase sempre as mulheres. Betty Faria não consegue quem lhe tire para dançar e tem que pagar um gigolô, Cássia Kiss é preterida pela novata, Tonia Carrero está ficando esquecida e briga com o velho amigo e ex-pé de valsa Leonardo Villar. Surge ainda uma mulher misteriosa que aparece para dançar um tango (Clarrise Abujamra).

O que incomoda no filme é a fotografia cruel do mestre Walter Carvalho, que mostra cada mancha da pele, cada ruga das atrizes, sem dó nem piedade. E na hora do tango, que devia ser o ponto alto, mal chega a focalizar os dançarinos de corpo inteiro. Talvez falte ternura, que era justamente o que o filme deveria ter mais.