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Ficha completa do filme

Drama

Dúvida (2008)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 29/06/2009
Nota 1

Aconselho a ver duas vezes este filme, já que ele tem um final aberto, e só revendo detalhes é que se consegue ter uma opinião mais definida sobre a culpabilidade ou não do protagonista. E também a chance de ver personagens paralelos que podem ser reveladores, como o aluno loiro e rebelde. O texto teatral, escrito pelo diretor do filme, teve em São Paulo uma acidentada montagem teatral, com Regina Braga e Dan Stulbach, cheio de conflitos nos bastidores que resultaram numa versão apática e discutível.

Foi na Broadway, porém, que teve grande êxito, dando um Tony para o autor John Patrick Shanley, mais conhecido por por ser o autor da história de "Feitiço da Lua" e menos pelo único filme que dirigiu, o fraco "Joe Contra o Vulcão", com Tom Hanks. Shanley decidiu fazer a versão para o cinema sem manter o elenco, que tinha mais duas vencedoras do Tony, Cherry Jones e Adrienne Lenox.

Mas não mudou muita coisa. Continua ser um daqueles textos que se discute, discute e não se chega a uma conclusão por causa de seu final aberto - o que geralmente o público odeia, ele sempre prefere uma conclusão. Na verdade, eu acho a temática muito americana, já que se discute se um padre pode estar ou não abusando sexualmente de uma criança sem tomar uma posição mais clara.

Para complicar o menino é um negro, o primeiro a ser aceito numa escola católica em 1964, ou seja, uma questão delicada. Só que Meryl Streep, que faz a madre superiora da escola, interpreta uma vilã megera. Ela preferiu fazer o personagem descontrolado, cheio de caras e bocas, numa de suas raras aparições exageradas, transformando sua diretora numa mulher reacionária e detestável.

O que coloca a balança a favor do padre, já que ele pode ser simplesmente mais humano, o único a apoiar o garoto em crise, além de representar as forças das reformas, do progresso,das mudança. Esteja preparado para terminar de assistir ao filme discutindo com o parceiro. Quem é o culpado? A freira é maldosa ou o padre é suspeito apenas por circunstâncias?

Quem rouba o filme são os coadjuvantes. Enquanto Hoffman está apenas correto e Meryl "overacting", a encantadora Amy Adams faz muito de um papel que é nada, a jovem freira que está ajudando no caso. Mas em apenas duas cenas, quem se destaca também é atriz Viola Davis, que faz a mãe do menino, e que, numa cena andando num jardim (ou seja, difícil de marcar), ela rouba com propriedade o momento de Meryl.

O filme deu a Meryl o prêmio de melhor atriz do Sindicato dos Atores e teve indicações ao Oscar de melhor atriz (Streep), coadjuvantes (Davis, Adams e Hoffman) e roteiro adaptado (Shanley). Dizem que o diretor disse apenas a Hoffman se o seu personagem era culpado ou inocente. Você decide.

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