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Ação,Drama

Inimigo Público Nº 1: parte 2 (2008)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 04/12/2009
Nota 1

O cineasta Jean-François Richet fez dois filmes para contar a história do bandido Jacques Mesrine. No primeiro, ''Inimigo Público Nº 1: Instinto de Morte'', o diretor responde à pergunta ''quem é Mesrine'' ao traçar uma genealogia do criminoso. No segundo, ''Inimigo Público nº 1: parte 2'', que chega às locadoras pela Califórnia Filmes, a questão é outra. Richet discute o que Mesrine faz. Com isso, a segunda parte se prende menos na evolução da personalidade do criminoso e se detém mais na ação.

A compreensão de Mesrine só é possível se o espectador tiver visto ambos os filmes na seqüência, pois eles são complementares e interdependentes. Visto isoladamente, ''Inimigo Público nº 1: parte 2'', é um thriller de ação que deixa algumas lacunas sobre quem é Mesrine.

Para quem não viu a parte 1, vale ter em mente que Mesrine foi um criminoso francês real que se tornou inimigo público número 1 na França, na década de 70, ao praticar roubos, seqüestros e assassinatos. Acrescente a isso o fato dele conceder entrevistas à imprensa, o que o tornou uma espécie de celebridade.

''Inimigo Público nº 1: parte 2'' começa com um corpo cravejado de balas sendo retirado de um carro. Não irá demorar muito para se perceber que se trata do cadáver de Mesrine, vivido por Vincent Cassel. O que se segue à cena é um longo flashback.

Richet sugere os motivos que levaram Mesrine a sofrer uma morte tão violenta. O que se vê nesta segunda parte são ações cada vez mais ousadas do bandido que vão provocando a ira não só da polícia, mas também da justiça francesa, de setores poderosos da sociedade e de uma esquerda radical que promovia atos terroristas.

Com essa história em mãos, o cineasta transforma a segunda metade de vida de Mesrine em um thriller com muita ação. Richet valoriza as seqüências de fugas espetaculares e a tensão de uma perseguição, mas deixa de lado o trabalho sobre a personalidade de Mesrine.

É nessa fase de sua biografia que o criminoso vai se aproximando da ideologia de uma esquerda radical que prega a tomada do poder e a destruição do sistema. No entanto, essa ''tomada de consciência'' do bandido é apenas sugerida no filme. Pode ter sido uma estratégia do diretor para evitar um confronto com posições políticas do espectador.

O Mesrine vivido por Cassel é, antes de mais nada, um amoral. Ele não se apega a qualquer tipo de valor. Ou melhor, ele parece se prender a valores apenas quando lhe interessa. Isso faz com que ele jamais deixe de ser visto como um bandido pelo espectador. Talvez por isso, a família de Mesrine praticamente desapareça nessa segunda parte e faça com que tenhamos a impressão de que o bandido apenas se interesse em si mesmo.

De certa forma, Richet desconstrói a complexidade da personalidade de Mesrine, trabalhada no primeiro filme, para transformá-lo apenas em um bandido insinuante, sedutor, carismático, mas ao mesmo tempo egocêntrico e destituído de valores. Com boas seqüências de ação, ''Inimigo Público nº 1: parte 2'' traz o suficiente para fazer um bom thriller, mas não para encenar uma biografia de um personagem real.

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