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Ficha completa do filme

Drama

Má Companhia (2008)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 13/08/2010
Nota 1
Má Companhia

''Má Companhia'' é a estreia como diretor de Michael Keaton. O ator que teve seus melhores momentos nos filmes de Tim Burton (''Os Fantasmas se Divertem'' e os dois primeiros ''Batman'') investe agora atrás das câmeras em uma trama intimista e provocativa que mistura policial, drama e romance.

Keaton interpreta um atirador (Frank Logan) que é flagrado por uma mulher (Kelly McDonald no papel de Kate Frazier) após cometer um assassinato. Tudo leva a crer que Kate será mais uma vítima de Logan, mas os dois iniciam uma relação afetiva.

O filme deixa pouco espaço para explicações. Não sabemos direito por quê Logan comete os crimes ou o teor da relação entre ele e Kate. Esse é o grande trunfo de ''Má Companhia''.

O envolvimento dos protagonistas produz uma sensação perturbadora. Em parte, isso se deve à estrutura hitchcockiana da trama. Keaton faz com que o espectador esteja ciente de quem é o assassino, criando um suspense a cada encontro entre Kate e Logan.

Mas a história não toma rumo do suspense clássico. A questão é outra. O cineasta novato busca discutir certos parâmetros de bem e mal. Na raiz do filme está a questão sobre o que é pior: uma boa pessoa que trata você mal ou uma má pessoa que trata você com carinho? É essa indagação que inspirou o roteirista Ron Lazzeretti a desenvolver a trama.

Na tela, isso fica evidente nas duas relações afetivas de Kate. Logo no início, vemos a protagonista com um olho roxo e seu amante colocando um distintivo policial. Tempos depois, surge o assassino, mas que a trata com respeito. A questão está colocada: afinal, o que é o bem e o mal?

A interpretação de McDonald, no entanto, leva a discussão a outros parâmetros morais. A atriz constrói uma Kate de um carisma enigmático, que mistura docilidade, ingenuidade, desconfiança e carência. Seu envolvimento afetivo provoca no espectador uma sensação de desconforto, afinal, como ficar à vontade com um amante que a espanca ou com um assassino a seu lado?

A caracterização de Kate lembra em alguns momentos a personagem de Bjork no filme ''Dançando no Escuro'', de Lars Von Trier. Keaton parece ter tido o cineasta dinamarquês como uma das fontes de inspiração. Ambos colocam valores morais em discussão, mas Keaton prefere abdicar da virulência e experimentarismo de Trier.

O resultado é um filme de estreia seguro e que deve atender a um público mais interessado em um cinema alternativo, bem diferente daquele que conheceu Keaton como ator. Atrás das telas, o ator deixou de ser pop para buscar ser cult.

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