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Ficha completa do filme

Drama

O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 15/06/2009
Nota 4

Muita gente o considerava um dos favoritos do Oscar 2009, ao menos até assistir o filme. Longo, com 166 minutos, vale mais para contemplar os cenários, a direção de arte, a fotografia e, principalmente, os efeitos especiais. Dramaticamente o filme é lírico e pouco empolgante.

Há muito tempo já se pensava em adaptar este conto antigo de F. Scott Fitzgerald, de 1920, que já passou pelas mãos de Spielberg (para Tom Cruise), Ron Howard (para John Travolta) e Spike Jonze (não se sabe para quem). Mas acabou sendo feito por David Fincher, um superestimado diretor que acertou com "Seven - Os Sete Pecados Capitais", criou polêmica com "O Clube da Luta" e, desde então, sobrevive com prestígio, apesar de "O Quarto do Pânico" e "Zodíaco".

Deve ter sido um projeto caríssimo e dificílimo, já que tudo é feito com algum tipo de efeito especial. Embora o conto original fosse uma sátira bem humorada, o filme não tem vestígio de humor. Tudo é pretensioso, marcial, muito levado a sério. Na história original, ele já nascia grande, e aqui nasce pequeno, mas com cara de velho e com todo tipo de doença. Chegam mesmo a dar uma explicação: segundo o filme, um homem criou em Nova Orleans um relógio que andava para trás, talvez para assim trazer de volta o filho que morreu na Primeira Guerra. Como é tudo é fantasia, isso não precisaria ser explicado. Aliás, o que filme poderia ter feito era explorar melhor o relacionamento do ser humano com a velhice, com o inevitável envelhecimento.

Mas o roteiro é discutível, mal desenvolvido, ao mesmo tempo muito falado e pouco convincente. O herói, por exemplo, embora criado por uma negra em um asilo de velhos onde foi deixado pelo pai que o rejeitou após a mãe morrer, em momento nenhum revela qualquer consciência social ou preocupação pelos outros. Além disso, mesmo sendo Nova Orleans e tenha aprendido a tocar piano, o personagem revela qualquer simpatia pelo jazz local que nascia na sua velhice/juventude.

Ou seja, ele passa pela vida em branco, sem fazer nada que valha a pena. É preciso ver o filme uma segunda vez para sacar que esta foi a proposta, mostrar que quase todos nós passamos pela vida assim, em branco.

Por outro lado, Fincher força a barra fazendo com que a história se desenvolva quando o grande amor da vida dele, a bailarina vivida por Cate Blanchett, esteja no leito de morte em um hospital justamente quando chega o furacão Katrina.

O bonito do filme é o cuidado com que reconstrói o passado, os pequenos detalhes de cenografia e direção de arte, a qualidade da maquiagem, perfeita para os protagonistas, já não tão boa para coadjuvantes.

O charme do filme é que o rosto de Brad Pitt aparece sobreposto em cima de corpos alheios (ou seja, o truque funciona por vezes, mas não explica porque não é usado sempre). É verdade que tudo tem uma certa melancolia, um clima romântico de amores impossíveis que também toca o espectador. Muitos podem se envolver com o clima da história e parece que o mais favorecido será Brad Pitt.

E ele está bem? Sim, como sempre correto. Talvez o tempo todo que levava na maquiagem (dizem cinco horas) tenha lhe roubado a energia e esteja menos presente do que o desejado. Mesmo Cate Blanchett, que toma banho digital para ficar mais nova, não chega a impressionar especialmente.

Ganhou merecidos Oscar de direção de arte, maquiagem e efeitos visuais e foi indicado por fotografia (de Cláudio Miranda, que é cria do diretor), figurinos, direção, montagem, trilha musical (Alexandre Desplat), som, filme, ator (Pitt), atriz coadjuvante (Taraji P. Henson) e roteiro. Boa edição em dois discos.

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