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Ficha completa do filme

Drama

Amor sem Escalas (2009)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 28/05/2010
Nota 3

É possível que tudo tenha começado no cinema, com ''Beleza Americana'' (1999), mas a praga se instalou mesmo nas séries de televisão. Diálogos cheios de malícia e com rapidez de jogo de tênis pretendem transmitir uma visão mordaz das relações humanas nos Estados Unidos, mas basta raspar um pouco o verniz para ver que tudo não passa de reafirmação do próprio estilo de vida que finge criticar.

É assim que a maior oferta de ''Amor sem Escalas'' ao espectador é uma superficialidade rapidinha digna do cotidiano de seus fúteis protagonistas, embora a suposta ideia fosse expor a implacável crueldade do mundo corporativo. Os artifícios brilhantes (no mau sentido) dessas fórmulas ainda parecem ter bastante futuro (recentemente, no Brasil, o consultor de roteiros Robert McKee elogiou as séries de televisão como uma espécie de reserva criativa atual), mas seria bom se o cinema não embarcasse de vez em tanta ''inteligência''.

''Amor sem Escalas'', dirigido por Jason Reitman (do ''fofinho'' e igualmente televisivo ''Juno''), foi feito com a pretensão de, em alguma medida, comentar a atual recessão econômica norte-americana. O personagem principal, Ryan Bingham (George Clooney), é um especialista em dar notícias de demissões em empresas que estão fazendo cortes em massa pelo país afora. Além da frieza, treinou um discurso que tenta convencer o demitido de que ele está passando por um ''renascimento'', mesmo que tenha mais de 50 anos e nenhuma oportunidade no horizonte.

A conversa mole é, nas palavras de seu chefe, uma maneira de ''dar a punhalada no peito em vez de pelas costas''. E o que interessa mesmo a Bingham é viajar de avião, se hospedar em hotéis e acumular milhas. Acontece que uma nova funcionária ambiciosa propõe a adoção da punhalada pelas costas, com demissões por videoconferência e cortes de viagens que serão o fim da festa para Bingham.

A piada acaba aí e, através de uma estapafúrdia analogia entre compromisso profissional e compromisso afetivo, o filme se transforma numa comédia romântica sem muito humor. A questão central passa então a ser: irá o solitário e cínico Bingham se render ao romantismo? Só mesmo George Clooney (com a valiosa ajuda das atrizes Vera Farmiga e Anna Kendrick) para tornar tragável essa xaropada. ''Amor sem Escalas'' concorreu a cinco Oscars, incluindo melhor filme e melhor ator (Clooney).

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