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Ficha completa do filme

Drama

Budapeste (2009)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 18/09/2009
Nota 2

''Budapeste'' foi um dos romances mais bem sucedido de Chico Buarque de Holanda. O livro é adaptado para o cinema numa bela produção de Rita Buzzar (a mesma de ''Olga''), que também fez o roteiro chamando para a direção o excepcional fotógrafo Walter Carvalho.

Eles tiveram uma grande sacada quando dizem logo no começo a frase: ''Para mim, Budapeste (a capital da Hungria) é dourada''. E dali em diante, a cidade é capturada de forma belíssima, num excelente trabalho de imagens. A grande seqüência do filme ? que lembra o filme de Angelopoulos, o '''Olhar de Ulisse' s- é quando, sobre uma uma barcaça no rio, aparece uma estatua enorme do líder comunista Lênin, já em pedaços (referência ao comunismo caído).

Uma cena bem aproveitada que só peca no excesso (não era preciso aquele plano final de cabeça para baixo). O problema com a adaptação é que não consegue encontrar um tom certo (ou terá sido a direção?). Não se pode levar a história muito a sério, sobre um ghost writer infeliz, que primeiro concorda em assinar uma biografia para depois, quando ela faz sucesso, ficar reclamando e querendo crédito. Na verdade, isso é banal, muito mais comum do que parece e só funcionaria se o personagem fosse mais simpático.

Mas o protagonista, José Costa, é um chato, grosso com a mulher apresentadora de TV (uma irregular Giovanna Antonelli que podia exigir ser melhor fotografada nas cenas de nudez), se comporta de maneira estúpida com freqüência (como aquela bebedeira no bar em Budapeste que quase termina mal). Outra coisa que incomoda, o excesso de cenas de sexo desnecessárias ou redundantes com jeito de antiga porno-chanchada.

Tampouco se redime quando na Hungria começa um romance com uma mulher local (feita por Gabriela Hamori, que não me deixou impressão especial). Talvez seja um problema de escalação, para personagem assim teria que ter um ator com empatia de um Paulo José jovem ou Selton Mello, enquanto Leonardo Medeiros só fica mais expressivo quando passa a falar húngaro.

Também não funciona quando o filme embarca numa meta linguagem ao final, com uma aparição de Chico Buarque. Apesar de tudo, por sua dimensão, qualidade visual e mesmo originalidade (não é todo dia que se tem um filme brasileiro feito em co-produção com a Hungria) merece ser conferido. Infelizmente o filme foi muito mal lançado e acabou sendo um fracasso de bilheteria.

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