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Ficha completa do filme

Drama

Jogo de Mentiras (2009)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 21/05/2010
Nota 3
Jogo de Mentiras

Num texto sobre este novo produto do cinema independente americano chamado ''Jogo de Mentiras'', vale começar por uma cena prosaica, perdida no meio da trama, para já introduzir o leitor no clima do filme. Thomas Haden Church, o mini-Schwarzenegger de plantão, entra no taxi e pergunta: ''Onde está Samuel?''. O taxista responde: ''Samuel, acho que está em outra corrida. Por que? Você é amigo dele?'' ''Não sei''.

Sinceramente, o que um roteirista tem na cabeça para escrever um diálogo desses? E o diretor, não tinha amigos que o dissessem que era algo inaceitável? Se o diretor e o roteirista forem a mesma pessoa, o que é justamente o que acontece aqui, a coisa se explica um pouco, mas ainda assim é imperdoável.

Esse diálogo é paradigmático da geração de cineastas americanos independentes. É ainda mais grave quando acontece na segunda metade do filme, depois de um diálogo igualmente pobre com o tal do Samuel e de algumas reviravoltas na trama.

Esse cinema da estranheza que essa geração de indies americanos tenta fazer raramente dá bons frutos. São todos imitadores de Hal Hartley - cineasta que deu o que tinha que dar até meados dos anos 1990, com filmes instigantes e estranhos como ''Confiança'' e ''Amateur'', e depois caiu na mediocridade - e existem em toda parte dos EUA desde que Sundance criou esse selo de qualidade potente no mercado e de falsidade estética impressionante, mas que norteia mesmo os trabalhos de quem passou longe do festival. O diretor e roteirista Jake Goldberger é apenas mais um desses seguidores.

Uma pena, pois um elenco com Melissa Leo, Elizabeth Shue e o já mencionado Haden Church poderia render muito mais se fossem esquecidas certas regras básicas da esquisitice presa a uma fórmula cult. Um bom exemplo de potencial não plenamente alcançado é o clímax. Mesmo com a direção desajeitada de Goldberger, que decupa e enquadra mal uma situação bem interessante de seu roteiro, dá para rir um bocado com as mini-reviravoltas. É quando a estranheza quase se justifica por completo. Porém, a essa altura, o filme já tinha exagerado o suficiente na categorização dos personagens para que não nos envolvêssemos tanto com essa situação bizarra.

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